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Emitamos, sem medo, a nossa opinião. Como a imparcialidade é um mito, confessemos as nossas PARCIALIDADES.
O jogador que nunca sorri: Iván Marcano, defesa-central do FC Porto. Nem quando marca um golo decisivo em cima do minuto 90! A fazer lembrar Buster Keaton, " o grande cara de pedra" ou o "homem que nunca sorria". Enquanto Marcano empolga a plateia com um golo decisivo, Keaton, o Da Grande Piada, do Vaudeville, faz-nos rir até às lágrimas, com os seus "gags" humorísticos. E ambos mantém o rosto fechado e olhar triste. Indiferentes à nossa felicidade.
O "central" dos Dragões foi sempre um "patinho feio" para a maioria dos sócios e adeptos. Principalmente quando regressou do Roma. "Que era um péssimo negócio", "havia melhor dentro do grupo", "flop", enfim, Marcano levou com tudo. Porém, sempre foi um profissional de grande nível. Rosto austero, flagelado pelos ventos agrestes do mar Cantábrico na sua Santander natal. Sem sorrir, sempre cumpriu; e apesar da pouca empatia que os adeptos nutriam por si, nunca virou a cara à luta e foi dos melhores em campo sempre que lhe deram a oportunidade para isso.
Tal como Keaton, Marcano é homem de paradoxos. As gargalhadas com Keaton e a magia do golo com o atleta portista. E ambos reagem como se tivessem feito a coisa mais vulgar do mundo. A simplicidade dos "anti-heróis", quando, afinal, acabam de oferecer aos assistentes o que mais desejam. Gargalhadas e golos. Sem transbordar dos seus rostos um ténue sorriso.
Eu sempre gostei de Marcano! Pertenço ao grupo das excepções. Não é qualquer jogador , face à sua posição no terreno, marca 5 golos em 16/17; 7, em 17/18; 6 em 19/20 e, na presente época já vai com dois tentos certeiros. E sempre marcou nos clubes onde teve oportunidade de ser titular. A força e vontade que demonstra, após gravíssima lesão que o parou uma época, põe a nu a fibra de que é feito. E já vai nos 35 anos, num futebol onde, cada vez mais, pontificam os "bebés".
É claro que gostava de o ver sorrir. Divertem-me mais os jogadores que revelam alegria a jogar, como Luis Díaz, Maradona, Futre, Chalana, Vitinha ou Oliver Torres, entre muitos. Mas não deixo de criar empatia com os "sérios", desde que demonstrem qualidade, profissionalismo e entrega total ao jogo. E Marcano é destes. Já lhe vai faltando alguma velocidade, mas na marcação é exímio: não passa nada. A continuar assim, Cardoso e Carmo têm de esperar mais tempo do que imaginavam e desejam.
Keaton e Marcano, dois "sérios", "tristes" até, mas que nos fazem sorrir e proporcionam felicidade inversamente proporcional aos seus rostos fechados. Quanto ao portista, parece que vai passar a "cisne", depois de tantos anos a representar o papel de "patinho feio". Caramba, portistas, o homem já merecia a simpatia de todos!
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