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"Vocês são espertos..."

por Jorge Santos, em 23.06.22

tlm no carro.jpg

A saúde mental das pessoas está no caos. O que não admira, afinal quem pode estar bem numa sociedade instável. Diria mesmo, doente. Pelo que, os cidadãos, terão de ressentir-se. E. cada um, à sua maneira, manifesta a morbidez psicológica.

 Há poucos dias dirigi-me a um balcão de uma operadora que distribui electricidade, no Porto. Para fazer um novo contrato. Fui atentido por uma senhora, de rosto empático, meia-idade, poucas-falas.

 E tudo correu lindamente. Contrato feito, chegou o momento de agendar a ida ao local para  as respectivas ligações. Como funciona isto? A distribuidora envia um "sms" para o telemóvel do contratante, que terá de responder "sim", seguido de um código, também enviado pelos serviços.

 Chegados a esse ponto, a senhora disse-me para ir ao telemóvel executar o dito procedimento. Pus a mão no bolso e o telemóvel não estava lá. Lembrei-me, então, que o tinha pousado no banco de trás do carro e lá ficara esquecido.

 A senhora, após fazer um trejeito com o lábios, atirou: " Vocês são espertos, deixam ficar os telemóveis nos carros para que elas não vejam o que lá está." Só isto. Assim, como um murro  no estômago. Eu, que até sou de dar troco, fiquei mudo.

 "Elas"! As mulheres? As amantes? As filhas? As colegas?... Elas...

 "Vocês"! Nós! Nós, quem?...

 Com a idade que tenho, tantas horas passadas em repartições diversas a tratar dos mais variados assuntos, nunca me tinha acontecido.

 Quando recuperei o ar, apeteceu-me dizer-lhe muitas coisas. Mas, francamente, só iria contribuir para agravar a sanidade mentar da senhora. Por isso, encaixei em silêncio e fui embora.

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publicado às 22:37

Ditadura da desinformação

por Jorge Santos, em 26.05.22

  A banalidade da informação não é  fenómeno actual, mas atinge, hoje, o exagero. "Shares", audiências, "chegar primeiro", pressões diversas. E mera incompetência do profissional, podem ser alguns dos motivos que causam essa frivolidade. Bem como critérios editoriais populares com intuito sensacionalista. No passado, século XIX, princípios do XX, os jornais eram de uma sobriedade férrea.  Na imprensa de referência como no "The Guardian" ou "The New York Times". Ou por cá, no matutino "O Primeiro de Janeiro", extensos "lençóis" de texto; mas no que à notícia dizia respeito, um rigor quase marcial à objectividade, verdade e fonte. O objectivo passava por informar o leitor o melhor possível. Evitar, a todo o custo, confundi-lo, desviá-lo,  levá-lo a pensar que a informação...o desinformava.

   A imprensa escrita mudou de estilo gráfico - títulos criativos ou descritivos, "leads" bem redigidos e textos mais curtos. Logo, maior concisão e menor dispersão do que é realmente importante. Na actualidade, os jornais vão cumprindo com simplicidade a sua função: informar. A exigência editorial de outros tempos ainda vai sendo encontrada nos matutinos ditos "sérios". A desinformação não é tanto promovida  pela maioria destes orgãos. As novas tecnologias e a televisão são muito mais eficientes a manipular ou desinformar. Porque, infelizmente, para muita gente o que é dito na televisão é a verdade, mesmo que seja mentira.

  Num artigo de opinião de um jornal, por mais que o autor se esforce na desinformação, jamais poderá competir com outro, a opinar na televisão em horário nobre - seja jornalista ou comentador. A televisão encarregou-se de confundir os espectadores entre  a função de comentador e jornalista. Sem qualquer preocupação em esclarecer . Aqui começa a desinformação.

  Pior do que a televisão,  as redes sociais. O Facebook é a máquina preferida dos produtores das multinacionais "fake news".  Torna-se extremamente fácil criar páginas, às centenas, para desinformar ou manipular. Em todas as áreas, indo a predominância para a política, futebol e burlas diversas. A rede tem o seu mecanismo para vigiar estas páginas, mas quando encerra 10, os desinformadores criam 100.

  Cabe, pois, a todos nós o rastreio destes atentados à verdade. Mas a igorância de alguns, o desinteresse de outros e a má-fé de uns quantos, leva a que a viralização da mentira pelas redes avance avassaladoramente.

  E, desconfiando, basta que o utilizador das redes cruze a informação difundida na INTERNET. E a verdade ou mentira, como preferir, saltará à vista. Fácil para todos? Claro que não! Principalmente quando um clima de ódio vai pairando sobre o mundo. Contagiando-o.

  Os temas que estão na ordem do dia - COVID e invasão da Ucrânia - são mel para os fazedores da desinformação. Muito fácil construir notícias falsas e  grande dificuldade em detectá-las. Ou não seja maquinaria pesada e sofisticada a funcionar. 

  A desinformação é apanágio de uma  sociedade doente. Quando a violência, dinheiro, ganância,populismos, ataques a jornalistas,  atropelos vários à liberdade  e democracia valem mais, muito mais! do que a vida humana, a desinformação é  bengala essencial e indestrutível. Por muito que a queiramos combater, e queremos, com certeza!, é quase missão impossível. Porque, primeiro, urge tratar a sociedade no seu todo.  Daqui a algumas gerações, talvez. 

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publicado às 20:05


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