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Emitamos, sem medo, a nossa opinião. Como a imparcialidade é um mito, confessemos as nossas PARCIALIDADES.
A mim, social-democrata sem partido, satura-me a conversa de que vivemos num regime socialista. Será pelo nome do partido do governo? Só pode. A partir do momento em que Mário Soares colocou o marxismo ( por consequência, o socialismo) na gaveta, adeus ideologia! Depois, alguém poderia pegar na chave, reabrir a gavela e retirá-lo de lá. Mas não! A chave foi atirada ao mar em lugar incerto.
Um partido, cujo nome é socialista, deve corar de vergonha por pôr em prática políticas económicas liberais. O nome e a suposta ideologia, implicavam uma aposta social diferente. Gente que gosta de assumir-se progressista, de esquerda, socialista, fica muito mal na foto com a forma como organiza e gere o país. E a ambiguidade entre o público e o privado. Se realmente fossem socialistas, essa ambiguidade não existiria.
O liberalismo económico de Cavaco Silva e Ferreira Leite mantém-se. Mudaram os nomes dos governantes, mas a política manteve-se com os vindouros. Nem os da "esquerda", Sócrates e Costa, mudaram o rumo. Antes pelo contrário. Continuaram-no a todo o vapor.
As medidas tomadas diariamente, favorecem os privados, prejudicando o que é ( foi/deveria ser) público. A classe média continua num poço sem fundo, agarrada às paredes. Multinacionais - pagam o salário mínimo aos trabalhadores - são proprietárias das principais empresas lucrativas, bancos, seguros, hospitais, Tap ( para mal dos nossos pecados ninguém consegue pôr um ponto final na crise!), distribuidores de electricidade, correios. Enfim, quase tudo. Tudo o que exige aos portugueses pagarem, pagarem, pagarem. Além dos impostos, claro!
Com esta sobrecarga de pagmentos, taxas e outros "caça níqueis", como pode sobreviver-ser em Portugal? Política partidária (com todo o seu polvo), algumas profissões públicas e privadas, mas que estão saturadas, alguns profissionais liberais. E a corrupção aparece; é a consequência lógica de regimes ultra-liberais ou liberais.
Se o país está entregue aos privados, por que raio sobem os nossos impostos? Mais um logro do liberalismo. Cujas explicações são tão tôpegas que ninguém entende.
E as pequenas e médias empresas? Apertadas pelo pescoço até esganarem!
O socialismo democrático (no século XXI, na Europa, não concebo outro) implica, além do apoio aos mais desfavorecidos, impostos colectados e aplicados com equidade, controlo da gestão das principais empresas, justiça severa aos que burlam o erário público, e tendência para a nacionalização e não para a privatização. E, claro, mudança nas elites do poder. Todas. Só a social-democracia pôe, depois, ordem nisto ( vejam como é na Finlândia, por exemplo)
O que temos em Portugal e nos irrita a quase todos é o liberalismo económico. Que pode travestir-se com as mais diversas fatiotas. Agora é o fato à "socialista", antes, foi a capa da "social-democracia". E nesta alternância, quase passagem de modelos, vamos sendo enganados e encostados às cordas da sobrevivência.
Hoje nasceu um partido novo! Parece...
Novos cidadãos, gente que nunca andou nos negócios ( literalmente!) da política, juntaram-se para salvar Portugal. Parece...
A politica espectáculo que a América criou, espalhou-se pelo mundo. Se é bom ou mau, não sei dizer. Só sei que não gosto. O que sabemos todos é que Portugal continua no fosso, à medida que foram passando partidos pelo poder. E, de quatro em quatro anos, a pátria lusa enche-se de promessas. E os portugueses de esperança. Depois...catrapuz, a desilusão.
Quem acompanhou o congresso do PSD apercebeu-se, com certeza, da injecção de optimismo. Luís Montenegro, a modos que montado num cavalo branco, com uma bandeira às costas, gritava: agora chegam os bons, os que vão dar cabo dos incompetentes e mudar a vida, para melhor, aos portugueses.
Pois, Luís Montenegro, isso era muito bom. Mas parece que as figuras escolhidas pelo líder nunca estiveram no Parlamento, nunca foram membros do governo, nunca foram ministros. São todos "virgens" nesta coisa!
E que dificuldade têm todos em dizer que são social-democratas! Lá vão assumindo, mas a medo. Compreensivelmente, porque na realidade não o são. Lá no fundo, bem no fundo, talvez entendam que é a melhor solução; mas os seus negócios, os dos seus amigos e as empresas multinacionais exigem-lhe o ultraliberalismo. Um dos novos elementos da direcção do partido até afirmou que o PSD é o partido das pessoas. Agora, sim! Vamos ter um partido que pensa nos cidadãos.
Mas então, nas várias vezes que passaram pelo governo, até com maiorias absolutas, por que não transformaram Portugal num país próspero, com políticas parecidas às da social democracia nórdica? Por que insistiram mas medidas que massacraram sempre os mais necessitados? E os fundos que vieram "da Europa" e que foram parar aos bolsos deste e daquele? E o pagamento especial por conta, que tanto prejudicou pequenos empresários? E o famigerado gasóleo agricola? A cultura do girassol? E alguns destes "novos" políticos, já por lá andavam a lançar palpites.
O meu comentário não tem a ver com o partido em si. Se fosse o PS ou o CDS ou outro qualquer que já tivesse sido governo, dizia o mesmo. Sou social-democrata sem partido, portanto estou à vontade para tecer as mignhas críticas.
Para concluir, entremos na "reciclagem partidária". Pode ser que a ideologia, finalmente, coincida com o nome dos partidos. E aquelas mulheres e homens, deixem de lado as reformas vitalícias que lhes foram atribuída aos 40 anos. E tenham percebido que o amiguismo criou uma teia de corrupção que nos aperta até ao pescoço. E ninguém a quis, até hoje, desapertar.
Para quem acredita no discurso partidário, foi, seguramente, um dia feliz.
Os que têm memória, como eu...parece mais do mesmo. Aguardo pela propostas alternativas às do governo.
Felizes os que acham , agora sim, chegou a competência. E os bons. Os que nunca se enganam e raramente têm dúvidas.
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