Alojamento: SAPO Blogs
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Emitamos, sem medo, a nossa opinião. Como a imparcialidade é um mito, confessemos as nossas PARCIALIDADES.
Nunca gostei de maiorias absolutas. Nem nas instituições que tive o prazer de liderar! Este absoluto vício da democracia pluralista vem comigo quase desde o berço. Mesmo não gostando, aceito. Mas sem resignação. Afirmo sempre que é a democracia o menos mau dos regimes, mas que fica inquinada com maiorias abolutas. Estas têm cheiro e sabor, lembram-me outros tempos, antes e depois de Abril. E o aroma é enjoativo, traz a reminiscência da ditadura, do amiguismo e da falta de equidade.
Apesar de não gostar, em democracia já levamos com três. A de Cavaco, de onde surgiram alguns dos piores corruptos conhecidos até hoje. A de Sócrates, de triste memória e que nem vale a pena qualificar e, agora, a de Costa que quer fugir de Sócrates como o diabo da cruz. Não confio na gente que ladeou Sócrates! Puro convicção! Nada de científico. Por mim, afastava-me deles.
Foram maus momentos para a sociedade portuguesa, a vida em maiorias absolutas. Há muita "fome" de poder e alguma de vingança. E há cargos apelativos e bem pagos para os amigos do PS, independentemente da competência e mérito.
Se com maiorias relativas já passamos as passas do Algarve para aprovarmos um projecto ou concorrermos a determinados programas, em maioria aboluta foi sempre pior. Sendo absoluto o poder, aumenta exponencialmente o perigo de transgressão.
Não gosto e considero perigoso. Tomando em consideração o que já passámos com tal amontoado de deputados do mesmo partido.
É mais fácil, com certeza, "A Festa dos Compadres"...
E estas coisas não são de hoje. Visitemos "As Farpas", de Ramalho Ortigão, escritas em 1889. E prestemos especial atenção ao Tomo XI:
"...Ajoelhemo-nos, reverentes, e ergamos o nosso pensamento ao Altíssimo! Logo que o povo português chegue a ter a compreensão nítida e perfeita do seu actual destino e da sua presente situação na história , a festa dos compadres, hoje obscura, será a primeira das nossas festas nacionais.
Há muito tempo que o reino deixou, de facto, de pertencer aos frades, deixou de pertencer à Virgem, deixou de pertencer ao rei, e deixou de pertencer à Carta. (...) O reino, agora, a quem pertence é unicamente ao compadre."
Tolerância zero relativamente à corrupção, diz Ana Gomes a um canal televisivo. Bem prega Frei Tomás...
Não acredito. Nada tenho contra (ou a favor ) de Ana Gomes, mas não acredito que a maioria, sim, a maioria, dos que hoje estão na política, desde as autarquias até aos corredores do alto poder, estejam por ideologia, convicção e dispostos a abdicar de benesses. E é isso que cria a corrupção.
Não acredito nos políticos, de uma forma geral. Sei que os há sérios, leais, competentes e com interesses comunitários. Mas são poucos, muito poucos. E alguns deles, fartos de remar contra a maré, afastam-se, outros, por serem um "embaraço", são afastadas e, finalmente, restam aqueles que optam por entrar no jogo, esquecer ideologias e integrarem o rol imenso dos trafulhas.
Veja-se a "habilidade" das moradas, usadas por alguns deputados para somarem mais mil euritos ao salário...
E notemos também a altura em que o PS decidiu "pôr a boca no trombone" e desdizer o que disse há anos, a propósito de Sócrates. Agora, porquê? Por que não daqui por seis meses ou um ano? Percebe-se, não é verdade? Daqui a um ano há eleições e é preciso tapar todo este incómodo. Para quem não se deixa enganar, estão a tapar o "sol com a peneira"; mais uma vez, a fazerem de nós parvos. Mas há já quem não embarque nessa estação. E quem embarque sempre, infelizmente...
Pois é, o Carlos César, o Galamba,o Santos Silva, o Costa, quais paladinos da transparência, vão dando uma no cravo outra na ferradura. Falsos, falsos, falsos. Pelo poder até vendem as mães!
De Sócrates já nem vale a pena falar. De Pinho, um burgesso oportunista. São socialistas? Não! São do PS, que é muito diferente. E podiam ser de outro partido qualquer; seriam do que lhe permitisse ter o poder e o dinheiro E usálos a seu bel-prazer. Teriam os PS´s o mesmo discurso se Sócrates e Pinho fossem de outro partido? É claro que não...mas os socialistas teriam.
E, caro Alegre, bom poeta, deixe abrir a Caixa de Pandora. Deixe sair tudo, tudo, tudo. Importante é a transparência e a defesa dos interesses do país. Os ladrões, vigaristas, oportunistas, tenham a profissão que tiverem e ostentem na lapela o emblema político que ostentarem, devem ser investigados, julgados e, se culpados, punidos.O Estado de Direito tem defuncionar!
A mim, a política não me seduz. E creio que os portugueses estão cada vez mais afastados. Propositadamente, os partidos políticos engendram maneira de manter os cidadãos anestesiados e afastados. O importante, para eles, é que alguns vão votar. Alguns. O que é suficiente para lhes garantir a manutenção do emprego!
Não, não sou contra uma sociedade sem partidos! Sou pela democracia e sei da importância que essas organizações têm para a garantir. O problema é que os de Portugal ( e não só!), partidos, claro, tornaram-se máquinas produtoras de corruptos. Essa avaria nos "filtros" tornam-nos perigosos.
Não é por acaso que essas gigantescas máquinas montaram um sistema que não permite às organizações independentes de cidadãos concorrer às legislativas. Só o podem fazer partidos políticos. E não é fácil recolher cerca de 10 mil assinaturas para criar um partido! E para quê? Pergunto eu? Só sob essa capa é que os cidadãos são capazes de unir-se e elaborar projectos?
A Constituição deveria permitir e potencializar Cidadania. Essencial que fossem os cidadãos livres das amarras partidárias a gerir o país. E com mandatos de 6 anos ( no máximo), e pronto. A seguir viriam outros.
Portugal não precisa de políticos, Portugal precisa de Cidadãos.
Os governos não precisam de políticos de carreira, mas de portugueses livres com projectos bem delineados para desenvolver.
E já se pode concluir, se dúvidas houvesse!, que os partidos e os deputados não são livres. Estão presos a poderes económicos ferozes. A teias de interesses com tiques mafiosos. Esta teia só pode ser destruída por Cidadãos livres, sérios, competentes e leais.
E apetece-me perguntar: os que comeram à mesa com Sócrates e Pinho ( vejam quem eram eles), não sabiam das maroscas? Duvido. E se fossem sérios, afastavam-se e denunciavam.
Não o fizeram. São cúmplices. Ponto.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.