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Emitamos, sem medo, a nossa opinião. Como a imparcialidade é um mito, confessemos as nossas PARCIALIDADES.
Gosto de ver as notícias ao fim da tarde na televisão. Habitualmente, chego a casa e sintonizo na RTP. Hoje, estava passar o separador, iam começar as notícias de desporto. Não podemos esquecer, em circunstância alguma, estarmos perante uma estação paga, fundamentalmente, pelo erário público. Exige-se um serviço que ponha sempre o interesse das pessoas no topo das prioridades, como convém em qualquer empresa do estado. Sem motivações financeiras ou outras. Apenas o lado noticioso da questão.
Tratando-se de um orgão de comunicação social, existem critérios específicos na ordem em que passam as notícias - os critérios editoriais. Como qualquer decisão deste teor, a subjectividade impera e varia em função de quem edita a informação.
E o editor de hoje, não sei quem é nem me interessa, optou abrir com o futebol. Apesar de estarem a decorrer os campeonatos mundiais de atletismo, os resultados de hoje não foram relevantes, por isso, aceita-se o início. Mas dentro do futebol há, apenas, duas notícias - um encontro de preparação do SL Benfica e o jogo do V. Guimarães para as pré-eliminatórias das competições europeias e que os minhotos venceram por 3-0 a uma equipa húngara. Qual seria o critério mais lógico para iniciar?
Eu iniciaria com o triunfo dos vimaranenses que, praticamente, ficaram no patamar seguinte das provas da Europa; e, além disso, tratava-se de um jogo oficial. Pois o o editor abriu com o SL Benfica e a sua vitória frente ao Girona, em jogo treino. A seguir, o atletismo e, no fim, o V. Guimarães. Parece que atirou a moeda ao ar para decidir. Mas não atirou....
A minha observação tem a ver com o facto de ser na RTP. Fosse um canal privado e nada surpreenderia. Aliás, em alguns desses canais, certos jornalistas fazem exactamente o contrário do que está determinado no seu código deontológico; portanto, não surpreendem os critérios.
Eu sei que o Benfica vende! Mas a RTP não devia ter isso como móbil na ordem em que escalona as notícias. As mais importantes eram os campeonatos mundiais de atletismo e o 13º lugar na marcha para a portuguesa Inês Henriques e o triunfo do Vitória numa competição europeia.
Porque é que o editor decidiu de outro modo? Não sei. Talvez tenha pensado nos "seis milhões de benfiquistas" ou no interesse comercial. Mas tem de perceber que, na RTP, desta vez, os milhares de vitorianos mereciam ficar à frente.
Parece um assunto de "lana caprina". Mas não é!
Define, claramente, a forma com o são tratadas as notícias no canal público em função da região geográfica de onde são os protagonistas.
Foi a primira vez? Não! Geralmente é assim. Infelizmente. Mas na RTP não deveria ser. Nunca!
A televisão - todos os canais - tornou-se uma feira de vaidades. Em todos os sectores, desde a programação à informação. Local certo onde alguma "burguesia arruinada" vai ganhar uns euros, comentando quase tudo.Tudo!
Na SIC eTVI, adoram bajular-se uns aos outros. Vão à caça de figuritas e transformam-nas em figurões, vazios e vazias, mas figurões! Trocam actores por jogadores da bola, manequins por apresentadores. O importnate é que brilhem...por fora. Por dentro, não interessa. Os telespectadores "papam tudo" sem questionar. Na informação, os pivôs, adoptaram um estilo mais de crónica do que apresentadores de notícias. Um mal geral nesses dois canais.
A CMTV neste particular até é a mais discreta. Mas um bodo aos necessitados do desporto. E quem vê aqueles programas deve acabar mais cansado do que quando faz uma caminhada no fim de jantar. Não lhes importa a qualidade, só a quantidade. Critérios...
Na RTP1 é tudo mais contido. Afinal, são pagos por nós. Mas o extravagante Rodrigues dos Santos costuma estragar tudo. Em todo o lado. Até no estúdio, em directo, a promover uma obra sua, quando apresenta o noticiário. Um inovador! Jornalista que o é e honra a profissão, jamais o faria. Mas na TV vale tudo para brilhar e para vender. Como aqueles números de valor acrescentado. Uma tormenta. Dinheiro, dinheiro, dinheiro.
Mas o topo da Feira foi na noite de S. João. A TVI montou barraca e juntou os seus melhores vendedores, Cristina Ferreira, Mário Ferreira, Fany, Pedro Abrunhosa, Lurdes Baeta, etc. Eram demasiados, ficam apenas os nomes dos mais conhecidos. Numa noite que é do povo, da rua, das sardinhas comidas à mão com o molho a escorrer na broa, beber a cerveja pela garrafa e dar marteladelas, passar as ervas aromáticas no nariz dos foliões e passear-se de alho porro na mão. Os figurões da TVI no meio da populaça? Isso é que era bom! Só os guardas-costas da Cristina atulhavam as vielas das Fontaínhas!
Então, de trajo de gala - para o S. João, claro - montados no barco do Ferreira, no meio do rio, fizeram uma festa à parte. Nem os ministros! Muito menos o beijoqueiro do Palácio de Belém. Mas a nova elite, a da TV, não quer misturas. Apesar de criarem essa Feira de Vaidades em cima de um barco no meio do Douro, não há quem nos bata, a nós, o povo. Por muito que pretendam subverter o popular S. João e colocá-lo na categoria de "betinho", podem tirar o cavalo da chuva.
O S. João é e será sempre conhecido pelas festas anónimas do povo anónimo. Dos cheiros e sabores. Dos bailes populares nos bairros e da folia espontânea. A elite pode ficar no meio do rio, fica mais perto do fogo.
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