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Emitamos, sem medo, a nossa opinião. Como a imparcialidade é um mito, confessemos as nossas PARCIALIDADES.
Futebolista? Não! Jogar futebol é exigente, é preciso algum talento e dá muitas canseiras. Político? Podia ser, mas lamber botas durante muitos anos é fastidioso. E estudar dá cabo da beleza! Influencer! Não sabe o que é? Pois. Eu também só soube há pouco tempo. São aquelas meninas e meninos, homens e mulheres que, nas redes sociais, instagram, principalmente, têm muitos...muitos...muitos "likes". Graças a isso, promovem artigos diversos - roupas, perfumes, relógios, artigos de higiene, etc. E ganham muito dinheiro. O seu gosto pelo exibicionismo é usado pelas marcas e junta-se a fome à vontade de comer. Mas antes, têm de conseguir muitos milhares de "likes".
Talvez não saiba, mas quando está a colocar um "like" num homem bonito, de corpo bem definido ou numa mulher elegante ou sensual, está, indiretamente, a rechear-lhe a algibeira. Esse é o objectivo da/do influencer.
Pronto, está bem. É uma nova profissão. Mas que habilitação é necessária? Que mais-valias profissionais? Qual quê! Nada disso. Uma carinha laroca, muitas horas de ginásio, uma página no instagram em poses que gerem "likes". E deixar andar. Quando os gostos atingirem determinado número, as marcas aparecem. As mais variadas. De tudo. Por fim, é só escolher... e colher.
E todos podemos ser isso? Poder, podemos. Teoricamente, claro. Então, e não somos porquê? Isso depende de cada um . Estará a futilidade e a ostentação na sua prioridade de vida? Então aproveite.
Não, não estou a criticar essa nova profissão. Estou apenas a constatar como as pessoas mudaram. Nós, os do tempo antes-internet ou antes-redes sociais, somos uma espécie de trogloditas. Cotas. Quase Idade da Pedra. Somos de um tempo em que trabalhar cansava. Fosse qual fosse o trabalho. Fisico ou mental. Ainda bem que descobriram uma que, basta mostrarem-se de tanga, na praia, deitadinhos/as na toalha para garantirem a subsistência financeira. Claro, com muitas doses de ginásio e solário. E com passagens pelos cirurgiões plásticos para tratarem da saúde dos lábios, do rosto, das mamas e dos rabinhos. E por aí fora.
Como as televisões, no entretenimento, adoram este tipo de fauna, fama dá fama. E televisão dá dinheiro.
São estes novos ciclos os responsáveis pela percepção de que o meu prazo de validade se já não caducou, não faltará muito para isso.
Hoje, mais do que nunca, faz sentido usar a redundância "amigo verdadeiro". Se antes das redes sociais dominarem, já vinham à tona as hipocrisias, agora são uma desgraça. Usa-se a abusa-se da palavra amigo, no facebook. As outras redes ficaram-se por "seguidores". E fizeram muito bem.
Quando uma velha amiga tua, no café, em animada conversa sobre cinema, lança a bomba: " O George Clooney ? É meu amigo." Tu só podes ficar baralhado. Aconteceu-me a mim. " É teu amigo? O Clooney?". " É. No facebook!", diz ela. "Ah!!", digo eu.
Nesta vida, a outra desconheço, a improbabilidade daqueles dois serem amigos será de quase cem por cento. Mas o milagre da rede social permite o abuso de uma expressão sentimental, merecedora de respeito - amigo.
Ter amigos é, a par da saúde, das melhores coisas que o ser humano necessita. De uma forma geral, perdemo-los ao longo da vida. Chegamos a uma fase em que os tais "verdadeiros", são bons, mas são poucos. Ao contrário, na rede social, basta carregar numa tecla e já está - novo amigo.
Mas, como todas as medalhas, tem o reverso. No facebook, à medida que cresce o número de amigos virtuais, vamos perdendo alguns que, até aí, foram reais. E isto é dramático. Motivos tão banais podem conduzir a um corte de relações.
Conheço casos em que amigos durante mais de 20 anos, conviveram, passearam, debateram sobre tudo, até porque eram de partidos e clubes diferentes, cessaram relações no facebook. Por causa dos comentários. Seguramente, se a conversa fosse presencial, tudo continuaria em paz, mas no facebook....Essa máquina produtora de mal entendidos... Conclusão, a amizade não era assim tão sólida; se fosse, não caía tão facilmente. Ou terá o facebook uma influência psicológica forte que não permite sanar conflitos?
O novo paradigma das nossas vidas . Temos de aceitá-lo. Mas confesso, sem laivos de saudosismo mórbido, a minha preferência por um tempo em que o convívio era feito em cafés, na rua, no trabalho, na escola ou na universidade. Cada um fazia a triagem. E quem era, era o que mostrava, o que dizia e o que sentia. Quando nascia amizade, era "verdadeira".
Agora, a rede dá e a rede tira. No balanço do deve e do haver, acho que chegamos a falência técnica. Lamentável! Um amigo "verdadeiro" sustenta a nossa vida emocional. E banalizar este sentimento é um atentado à segurança do ser humano.
Após 1908 a monarquia a sério, política, social, foi definhando; finou-se em 1910. O povo, no entanto, não esqueceu os reis; afinal, tantos séculos no poder não ficam esquecidos num piscar de olhos. Se os das cartas de jogar mantém a dignidade e continuam a ser respitados nos salões, os outros, de carne e osso, nem por isso. A república, apesar de não ter sido referendada em Portugal, ao contrário do que aconteceu por outras paragens, também nunca foi muito solicitada. Talvez porque os monárquicos verdadeiros não se estiveram para maçar muito ( dava um trabalho do caraças!) a mudar o ponto da Constituição em que é referida a forma republicana do regime.
Mas o povo não esqueceu os monarcas, não!; sem ter de prestar-lhes vassalagem, pois as famílias de cabeça coroada abalaram. Com a sua falta, não demoraram muito a substiuirem-nos. A palavra real fazia-lhes falta, de certeza. Era o Elvis, o "Rei"; O Roberto Carlos, "O Rei". Depois, a monarquia disseminou-se: "Rei dos Botões", "Rei dos Frangos", "Rei dos Leitões", "Rei dos Motores" e mais não sei quantos que os meus amigos, de certeza, conhecerão. O meu vizinho do rés do chão é o "Rei dos Amortecedores" e o da esquina, "O Rei dos Talhos". Conclusão, a monarquia não acabou. Transformou-se. Afinal, nada se perde, tudo se transforma. Pode ser para pior, mas transforma-se
O problema é esse. A qualidade dos monarcas decresce a olhos vistos. Ontem, pelo facto de o José Milhazes ter dito um "palavrão" em directo no noticiário para desespero da Clara de Sousa e gáudio dos "reis" das redes socias, Milhazesw foi ligo tratado por "czar" ; talvez para respeitar a tradição, rapidamente alteraram para "Rei da TV". Incrível, um homem abrir a boca e dizer uma palavra interdita no canal onde a profere...passa a "rei"!
Pior ainda, aconteceu hoje, no Porto. Um indivíduo circulava de automóvel, em sentido contrário na VCI, foi interceptado, conseguiu fugir a pé com a namorada, mas, umas horas depois, apanhado a roubar. O quê? Um catalisador. Já referenciado pelas autoridades, com mandato de busca, é conhecido pelo "Rei dos Catalisadores". Pobre monarquia! Vai de mal a pior.
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