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Emitamos, sem medo, a nossa opinião. Como a imparcialidade é um mito, confessemos as nossas PARCIALIDADES.
Não entendo, a sério! Não entendo tanta discussão acerca da eutanásia. Já (quase) todos sabem do que se trata, por isso, deixem a consciência de cada um seguir o seu caminho. Não venham com "jogos florais", instrumentalização ideológica e outras patetices.
Falar de consciência é abrir uma caixa de pandora. Não pretendo tal coisa. Apenas manifestar-me contra a hipocrisia e a mentira. E a politização de um tema que não merece tão baixo nível de análise.
Numa sociedade livre, democrática, ninguém deve ser molestado, censurado, proibido, de levar a cabo o que acha mais correcto na gestão vital. E ninguém tem o direito de impôr o que quer que seja neste mister.
No tempo das proibições, dos paladinos da verdade, dos censores de consciências, tudo em nome da nação, da família, da religião, do conservadorismo "naftalinado", as "senhoras dos senhores do regime" iam à Suiça fazer o que aqui condenavam e proibiam - o aborto. Esse tempo acabou. Ou devia ter acabado.
Hoje, para recorrer à eutanásia, é preciso sair do país. Ou seja, o dinheiro condiciona a consciência. O que é demasiado escandaloso. Este país não é para pobres, eu sei, mas haja igualdade no que concerne a temas tão subjectivos.
Niguém é obrigado a recorrer a esse processo. Por isso, os Cuidados Paleativos devem continuar a ser incentivados e desenvolvidos. São essenciais. Mas nada têm a ver com a eutanásia. São recursos diferentes para opções diferentes, formas diversas de pensar a vida. E a objecção de consciência é um direito que já existe há muito tempo. Por isso, qual é o problema? Os direitos são relíquias e os deveres suas guardiãs. Ser livre é também deixar que os outros o sejam.
Referendo? À consciência dos outros? Outra patetice...
Votado, e bem, na Assembleia da República. Curioso o alinhamento do Chega com o PCP - as máscaras vão caindo. Agora, o Presidente da República, progressista apenas no que lhe convém, vai "fatalmente" vetar.
Os cidadãos com capacidades financeiras vão continuando a deslocar-se à Suiça - felizmente já podem ir a Espanha. Os outros, a esmagadora maioria, a "arraia miúda" que construiu Portugal, parafraseando Marcelo Rebelo de Sousa, continua a ser tratada à parte. Por serem pobres, não têm consciência? Cumpra-se a democratização da sociedade!
Fico sempre atónito quando ouço e vejo mulheres e homens jovens defenderem posições pouco compatíveis com a idade biológica e desfasadas dos tempos e das realidades. A líder parlamentar do PCP é um destes casos. Ao vê-la ler o discurso sobre a ausência dos deputados comunistas quando Zelensky intervier no Parlamento, ao vê-la, digo bem, fico com mais dúvidas do que certezas.
Não consigo acreditar que a deputada crê naquilo que refere. A sua imagem revela mal-estar, intranquilidade, pouca convicção. E o caso não é para menos.
Faz-me confusão uma mulher jovem, culta e esclarecida embarcar na propaganda estalinista que o PCP teima em não largar. Pelo menos, desde a invasão da Checoslováquia até hoje, a Rússia (quer sob a forma de URSS ou Federação Russa) é uma das principais potências a intervir negativamente em terra alheia.
Há nazis na Ucrânia? Haverá, com certeza . Como os há cá, na Hungria, na Polónia, no Brasil, na América e...na Rússia. Infelizmente, em todo o mundo. Não é com um ataque em massa contra pessoas e edifícios, reduzindo tudo a cinzas, que vai anular esses movimentos daninhos e anacrónicos.
O Esquadrão Azov é uma força paramilitar nociva? Acredito que seja. Como os esquadrões de mercenários tchechenos, Wagner ou outros a actuar na Ucrânia e apoiados pela Rússia. O problema do Azov é que defende a Ucrânia e isso Putin não perdoa. Está lá a Rússia preocupada com os 60 ucranianos que o Azov assassinou! Matar civis é lá coisa que incomode Putin! Nota-se!
Nas lideranças mais profundas do PCP, onde abunda gente mais velha, dos sindicatos, por exemplo, não surpreende a construção desta retórica reaccionária, profundamente sectária, ainda saudosa dos tempos áureos da União Soviética. Gente que acredita ter sido uma tragédia a queda do império. Desses não surpreende o discurso estalinista. Já nos habituou e nem ligamos. Mas de gente com pouco mais de 30 anos! Inimaginável! Fosse Jerónimo de Sousa a ler "aquilo" e encarava com toda a normalidade. Mas uma jovem?!
Esta invasão da Ucrânia fez com que a máscara democrática do PCP caísse. Afinal, não repudiar o expansionismo e imperialismo de uma nação capitalista, autocrática e fascista como é a Rússia de Putin, mostra com clareza o que seria de um país governado pelo PCP. Coitado do Povo!
Como é que um partido orgulhoso de um passado antifascista, foi realmente, não se sente incomodada por estar a promover a propaganda de um pais, cujo ministro da educação afirma (fonte: CNN inernacional) a criação de uma disciplina escolar denominada Educação Patriótica, de frequência obrigatória a partir dos 7 anos. Cujo objectivo fundamental é impedir o pensamento de que a Rússia alguma vez tratou mal as outras nações. No fundo, reescrever a História, tão ao gosto dos ditadores. São atitudes destas, mais uma de índole totalitária, que o PCP branqueia. Ai se fosse na América!
Os jovens progressistas só podem censurar países que se opõem à liberdade. Às liberdades políticas e sociais. E opor-se com veemência a qualquer tentativa expansionista. Invadir uma nação independente devia ser de imadiato condenado por qualquer pessoa progressista. Principalmente, os jovens, que, na sua maioria, já não se reveem nas ideologias de outro tempo.
O PCP faz exactamente o contrário. Ataca e condena tudo o que vem da União Europeia ou dos Estados Unidos. Mesmo num momento trágico para o povo ucraniano, não vacila na pose estalinista. Mas teme criticar os fascista da Rússia, da Coreia do Norte, da Venezuela, ou da China. Pactua com o golpe chinês e russo para dominar as sociedades com uma ditadura férrrea. O trajecto já foi iniciado por Putin.
Não acredito que a deputada Paula Santos acredite no discurso que lhe entregaram. Não é possível uma mulher jovem tomar aquela posição.
Tal como não acredito que a maioria dos jovens do PCP, maioria, não todos, embarque nas patranhas de Putin e que o partido tão afanosamente difunde.
Só para esclarecer, não sou anticomunista primário. Sou democrata, defendo o pluripartidarismo. Sou progressista. E tenho a esperança de que os jovens sejam capazes de mudar, para melhor, a sociedade, já que a minha geração fez um trabalho censurável. E, por isso, lamento profundamente que a deputada Paula Santos, sendo jovem, leia um discurso de velha utópica ocidental do tempo da Cortina de Ferro.
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