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As preferências do jornalista

por Jorge Santos, em 27.06.22

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  Hoje, a desconfiança no jornalista é tema recorrente.  As "fake news", redes sociais, interesses comerciais dos orgão de comunicação social, incompetência, manipulação, "encomendas". Vários são os motivos que levam a uma infeliz descrença em quem tem por missão reportar as notícias.

 No caso, restrinjo essa (des)confiança a temas como o futebol e a política partidária. "Todos" querem saber qual o clube e partido dos jornalistas. 

  No futebol, um jornalista que tenha vocação e sensibilidade para a profissão - excluimos as pressões das administrações dos jornais - pouco lhe importa o clube que prefere quando está a trabalhar. Se está nos seus primeiros anos a noticiar, pode sentir desconforto, mas à medida que vai passando o tempo e chega a experiência, cria-se uma espécie de insensibilidade que permite noticiar sem sentimento. Claro, estou a falar de gente séria e não de jornalistas pagos para dizer mal deste ou daquele, o que esbarra no  Código Deontológico; são mercenários da comunicação social e não quer saber da deontologia para nada. E são estes mercenários, que têm proliferado na última década, o cancro que mina um jornalismo ético, sério e digno. Depois, as televisões promovem uma confusão fatal: jornalista e comentador. O jornalista não devia embarcar nesta folia, mas o dinheiro fala mais alto e os mercenários não resistem.

 Se o jornalista não pode dar opinião? Claro que pode! Quando escreve um artigo com esse fim. Mas nunca para fazer campanha contra ou a favor do clube x ou y. E o jornalista é suficientemente hábil com as palavras para opinar sem fazer campanha. 

 E uma verdade do senhor De La Palisse, quanto mais independente for o orgão de comunicação social, mas coerente é o discurso jornalístico. Na notícia, conta o que vê. Na reportagem, o que viu. Na crónica, o que sentiu e no artigo de opinião, o que pensa sobre o assunto. 

Como profissional já escrevi e noticiei sobre os clubes da minha preferências e nunca fui censurado por estar a manipular ou a mentir. Como eu, centenas de camaradas. Fazíamos questão de trazer as notícias com a maior precisão possível. Fretes, campanhas e desinformação não eram para nós. Eram temas para os comentadores contratados, os chamados fazedores de opinião. E os jornalistas, enquanto exercem essa função devem abster-se de ir por esse caminho.

 Com os partidos políticos, é semelhante. Não podemos esquecer que antes de sermos profissionais, já tínhamos clube e partido ou, pelo menos, simapatias por a ou b.

 Mas na política tudo se torna mais fácil. Quando o jornalista escreve crónicas ou artigos, percebe-se, com clareza, se é conservador ou progressista. Não importa o partido, mas a matriz ideológica. O que nem sempre se descobre quando o discurso é sobre desporto.

 O que se aplica no desporto, aplica-se na política. Independentemente da sua matriz ideológica, um profissional competente, quando noticia, quer fazê-lo bem, com  clareza, entendível por toda a gente. Mas, os mercenários também andam por aqui. E a confusãos instala-se.

 Cabe aos leitores apurarem a sua capacidade crítica, a literacia mediática, para separem o "trigo do jóio".

 Porque o jornalismo com ética é fundamental para uma democracia pujante e um estado de direito promotor dos mesmos direitos e deveres para toda a gente.

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publicado às 22:48


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