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Emitamos, sem medo, a nossa opinião. Como a imparcialidade é um mito, confessemos as nossas PARCIALIDADES.
Créditos da foto: Jesús Faílde, em "acontravento", Galiza
O mundo rural foi sempre incompreendido, até desdenhado, pelo seu irmão citadino. Lembro-me de haver uma pungente ignorância que levava à incompreensão dos jovens que provinham das aldeias rurais para os liceus, na cidade. Senti isto, já lá vão, seguramente, 48 anos. E a tendência, se vivêssemos em condições normais e num país equilibrado, seria aproximar as duas realidades. E não faria mal nenhum aos citadinos, irem até às aldeias saber donde provêm o milho (para fazer pipocas), o vinho, o leite, as batatas ( fritas são tão boas!), como se cuidam dos animais, dos campos, das florestas. Já que os rurais, por terem de ir estudar para as cidades, o confronto com a nova realidade para eles era inevitável.
Correu tudo mal. Como uma menina da cidade a dizer, ou perguntar, se o leite achocolatado vinha das vacas castanhas e outras preciosidade do género. A cidade não foi ao campo ( nos últimos anos, por necessidade, foram sendo construídas as hortas urbanas, do mal o menos). E, após os anos 80, o campo desertificou-se. Os mais velhor foram partindo e os mais novos jamais quiseram dedicar-se à dura vida agrícola, preferindo a produção fabril, nas cinturas das grandes cidades. Até porque, com os fundos que vieram da Comunidade Europeia - supostamente para reabilitar - muita gente orientou a vida, desviando-os, e afastou-se do campo.
Conclusão. As aldeias ficaram desertas, os campos abandonados. Campos, muitos deles com um historial produtivo excelente, enxamearam-se de eucaliptos e silvas. Os caminhos, tão usados pelos agricultores, ficaram intransitáveis.
Hoje, admiram-se os citadinos de haver incêncios tão agressivos nesses locais. Os terrenos não estão limpos? Pois , não! Só dão prejuízo, já são heranças de heranças e os proprietários nem sabem onde ficam. Seria bom pensar em utilizar meios públicos para fazer esse trabalho (pagam IMI à autarquia) e não dão rendimento ao proprietário. Depois, criar um entendimente entre o público e o privado para solucionar .
Custa-me ouvir o senhor Primeiro Ministro afirmar, vezes sem conta, que aculpa é das pessoas - não podem fazer churrascos, limpar terrenos nos momentos de contigência, levar a cabo quaiquer tipos de ignições, etc. Irrita-me esta mania citadina de ver a questão. Não são os do mundo rural quem destrói as suas fontes de rendimento. São pessoas, sim, mas criminosas que promovem todos estes incêndios. E nisto também o governo tem de mexer. Quer na parte penal quer na social, para que não apareçam forças a querer destruir o Estado de Direito.Já faltou mais...
Senhor Primeiro Ministro, em vez de acabar com a Guarda Florestal, deveria pensar em ter menos ministros, secretários e assessores e reabilitar essa guarda, até lhe pode mudar o nome, para não correr o risco de dizerem que anda para trás. Mas faz muita falta.
E deixe de culpar as gente do mundo rural! Tomaria o senhor ter a mesma competência na sua função como eles têm na defesa da ruralidade. Os animais estão incluídos, obviamente.
E a Regionalização? Demora muito? É a única forma, a meu ver, de equilibar Portugal. Tão inclinado está para o litoral, qualquer dia cai ao oceano.
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