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Emitamos, sem medo, a nossa opinião. Como a imparcialidade é um mito, confessemos as nossas PARCIALIDADES.
Nunca gostei de maiorias absolutas. Nem nas instituições que tive o prazer de liderar! Este absoluto vício da democracia pluralista vem comigo quase desde o berço. Mesmo não gostando, aceito. Mas sem resignação. Afirmo sempre que é a democracia o menos mau dos regimes, mas que fica inquinada com maiorias abolutas. Estas têm cheiro e sabor, lembram-me outros tempos, antes e depois de Abril. E o aroma é enjoativo, traz a reminiscência da ditadura, do amiguismo e da falta de equidade.
Apesar de não gostar, em democracia já levamos com três. A de Cavaco, de onde surgiram alguns dos piores corruptos conhecidos até hoje. A de Sócrates, de triste memória e que nem vale a pena qualificar e, agora, a de Costa que quer fugir de Sócrates como o diabo da cruz. Não confio na gente que ladeou Sócrates! Puro convicção! Nada de científico. Por mim, afastava-me deles.
Foram maus momentos para a sociedade portuguesa, a vida em maiorias absolutas. Há muita "fome" de poder e alguma de vingança. E há cargos apelativos e bem pagos para os amigos do PS, independentemente da competência e mérito.
Se com maiorias relativas já passamos as passas do Algarve para aprovarmos um projecto ou concorrermos a determinados programas, em maioria aboluta foi sempre pior. Sendo absoluto o poder, aumenta exponencialmente o perigo de transgressão.
Não gosto e considero perigoso. Tomando em consideração o que já passámos com tal amontoado de deputados do mesmo partido.
É mais fácil, com certeza, "A Festa dos Compadres"...
E estas coisas não são de hoje. Visitemos "As Farpas", de Ramalho Ortigão, escritas em 1889. E prestemos especial atenção ao Tomo XI:
"...Ajoelhemo-nos, reverentes, e ergamos o nosso pensamento ao Altíssimo! Logo que o povo português chegue a ter a compreensão nítida e perfeita do seu actual destino e da sua presente situação na história , a festa dos compadres, hoje obscura, será a primeira das nossas festas nacionais.
Há muito tempo que o reino deixou, de facto, de pertencer aos frades, deixou de pertencer à Virgem, deixou de pertencer ao rei, e deixou de pertencer à Carta. (...) O reino, agora, a quem pertence é unicamente ao compadre."
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