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Emitamos, sem medo, a nossa opinião. Como a imparcialidade é um mito, confessemos as nossas PARCIALIDADES.
A política americana sempre foi um espectáculo. De mau gosto e muito pouca dignidade. Tendencialmente conservadora, as decisões geram sempre contestação. Porém, Trump trouxe para o reino republicano um ultraconservadorismo que indigna quem é progressista. E assusta! São estes ultraconservadores que proliferam no Senado e nos meios judiciais. Não admira que um direito adquirido há 50 anos, possa vir a ser revogado: o aborto.
E esses políticos e juízes denominados "originalistas", não se ficam pela vontade de acabar com direitos de há muito, mas também entenderem o porte de armas de fogo, na rua, por parte dos cidadãos, um direito constitucional. Logo, devem fazê-lo à vontade.
Estou de acordo com Joe Biden quando afirma ter sido hoje um dia triste para a América e para os americanos. É sempre de lamentar quando são rejeitadas ideias progressistas e humanistas, reabilitando-se normas de uma constiuição feita há mais de três séculos. O que dizer disto? Não sei! O povo americano, principalmente as mulheres, se calhar, também não. Como progressista sinto vergonha alheia.
Não entendo, a sério! Não entendo tanta discussão acerca da eutanásia. Já (quase) todos sabem do que se trata, por isso, deixem a consciência de cada um seguir o seu caminho. Não venham com "jogos florais", instrumentalização ideológica e outras patetices.
Falar de consciência é abrir uma caixa de pandora. Não pretendo tal coisa. Apenas manifestar-me contra a hipocrisia e a mentira. E a politização de um tema que não merece tão baixo nível de análise.
Numa sociedade livre, democrática, ninguém deve ser molestado, censurado, proibido, de levar a cabo o que acha mais correcto na gestão vital. E ninguém tem o direito de impôr o que quer que seja neste mister.
No tempo das proibições, dos paladinos da verdade, dos censores de consciências, tudo em nome da nação, da família, da religião, do conservadorismo "naftalinado", as "senhoras dos senhores do regime" iam à Suiça fazer o que aqui condenavam e proibiam - o aborto. Esse tempo acabou. Ou devia ter acabado.
Hoje, para recorrer à eutanásia, é preciso sair do país. Ou seja, o dinheiro condiciona a consciência. O que é demasiado escandaloso. Este país não é para pobres, eu sei, mas haja igualdade no que concerne a temas tão subjectivos.
Niguém é obrigado a recorrer a esse processo. Por isso, os Cuidados Paleativos devem continuar a ser incentivados e desenvolvidos. São essenciais. Mas nada têm a ver com a eutanásia. São recursos diferentes para opções diferentes, formas diversas de pensar a vida. E a objecção de consciência é um direito que já existe há muito tempo. Por isso, qual é o problema? Os direitos são relíquias e os deveres suas guardiãs. Ser livre é também deixar que os outros o sejam.
Referendo? À consciência dos outros? Outra patetice...
Votado, e bem, na Assembleia da República. Curioso o alinhamento do Chega com o PCP - as máscaras vão caindo. Agora, o Presidente da República, progressista apenas no que lhe convém, vai "fatalmente" vetar.
Os cidadãos com capacidades financeiras vão continuando a deslocar-se à Suiça - felizmente já podem ir a Espanha. Os outros, a esmagadora maioria, a "arraia miúda" que construiu Portugal, parafraseando Marcelo Rebelo de Sousa, continua a ser tratada à parte. Por serem pobres, não têm consciência? Cumpra-se a democratização da sociedade!
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