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Ditadura da desinformação

por Jorge Santos, em 26.05.22

  A banalidade da informação não é  fenómeno actual, mas atinge, hoje, o exagero. "Shares", audiências, "chegar primeiro", pressões diversas. E mera incompetência do profissional, podem ser alguns dos motivos que causam essa frivolidade. Bem como critérios editoriais populares com intuito sensacionalista. No passado, século XIX, princípios do XX, os jornais eram de uma sobriedade férrea.  Na imprensa de referência como no "The Guardian" ou "The New York Times". Ou por cá, no matutino "O Primeiro de Janeiro", extensos "lençóis" de texto; mas no que à notícia dizia respeito, um rigor quase marcial à objectividade, verdade e fonte. O objectivo passava por informar o leitor o melhor possível. Evitar, a todo o custo, confundi-lo, desviá-lo,  levá-lo a pensar que a informação...o desinformava.

   A imprensa escrita mudou de estilo gráfico - títulos criativos ou descritivos, "leads" bem redigidos e textos mais curtos. Logo, maior concisão e menor dispersão do que é realmente importante. Na actualidade, os jornais vão cumprindo com simplicidade a sua função: informar. A exigência editorial de outros tempos ainda vai sendo encontrada nos matutinos ditos "sérios". A desinformação não é tanto promovida  pela maioria destes orgãos. As novas tecnologias e a televisão são muito mais eficientes a manipular ou desinformar. Porque, infelizmente, para muita gente o que é dito na televisão é a verdade, mesmo que seja mentira.

  Num artigo de opinião de um jornal, por mais que o autor se esforce na desinformação, jamais poderá competir com outro, a opinar na televisão em horário nobre - seja jornalista ou comentador. A televisão encarregou-se de confundir os espectadores entre  a função de comentador e jornalista. Sem qualquer preocupação em esclarecer . Aqui começa a desinformação.

  Pior do que a televisão,  as redes sociais. O Facebook é a máquina preferida dos produtores das multinacionais "fake news".  Torna-se extremamente fácil criar páginas, às centenas, para desinformar ou manipular. Em todas as áreas, indo a predominância para a política, futebol e burlas diversas. A rede tem o seu mecanismo para vigiar estas páginas, mas quando encerra 10, os desinformadores criam 100.

  Cabe, pois, a todos nós o rastreio destes atentados à verdade. Mas a igorância de alguns, o desinteresse de outros e a má-fé de uns quantos, leva a que a viralização da mentira pelas redes avance avassaladoramente.

  E, desconfiando, basta que o utilizador das redes cruze a informação difundida na INTERNET. E a verdade ou mentira, como preferir, saltará à vista. Fácil para todos? Claro que não! Principalmente quando um clima de ódio vai pairando sobre o mundo. Contagiando-o.

  Os temas que estão na ordem do dia - COVID e invasão da Ucrânia - são mel para os fazedores da desinformação. Muito fácil construir notícias falsas e  grande dificuldade em detectá-las. Ou não seja maquinaria pesada e sofisticada a funcionar. 

  A desinformação é apanágio de uma  sociedade doente. Quando a violência, dinheiro, ganância,populismos, ataques a jornalistas,  atropelos vários à liberdade  e democracia valem mais, muito mais! do que a vida humana, a desinformação é  bengala essencial e indestrutível. Por muito que a queiramos combater, e queremos, com certeza!, é quase missão impossível. Porque, primeiro, urge tratar a sociedade no seu todo.  Daqui a algumas gerações, talvez. 

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publicado às 20:05


12 comentários

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De Anónimo a 27.05.2022 às 18:49

Você escreve estes textos, publica-os na Internet e permite comentários.
Assim penso que será para alguém ler e comentar, ou não é assim?
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De Jorge Santos a 27.05.2022 às 19:51

claro que sim. ´É isso mesmo. De preferência a leitores identificados.
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De Anónimo a 28.05.2022 às 11:53

Eu comentei assim porque você o permite.

É destas respostas claras que eu gosto, disse claro que sim, é mesmo isso.

Então eu pergunto se você lê e comenta o que outros escrevem ou se só quer que o façam em relação aos seus textos?

Mas você até disse algumas coisas corretas no seu texto. Por exemplo:
As novas tecnologias e a televisão são muito mais eficientes a manipular ou desinformar. Porque, infelizmente, para muita gente o que é dito na televisão é a verdade, mesmo que seja mentira.

E o mesmo se aplica à comunicação social em geral e não apenas às TVs.

Mas você acha que a comunicação social pode manipular, desinformar, enganar. Não pode, a lei não permite isso, era o que faltava!

E se você souber onde estão os critérios editoriais dos media, diga para eu ir lá ler e confirmar se são cumpridos.

E também tem razão, temos uma sociedade doente. E, primeiro, urge tratar a sociedade no seu todo. Daqui a algumas gerações, talvez. Eu tenho muitas dúvidas.

Pior do que a televisão, as redes sociais. Não concordo pois as redes sociais não são tão vistas como a televisão. Além disso você disse: Porque, infelizmente, para muita gente o que é dito na televisão é a verdade, mesmo que seja mentira.
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De Jorge Santos a 31.05.2022 às 19:59

Como democrata e defensor da liberdade de expressão, aceito todas as opiniões, mesmo diferentes da minhas. Só não tolero comentários ofensivos, isso não. Prefiro que as pessoas se identifiquem, pois não há necessidade de alguém andar escondido, além de facilitar a comunicação. Quanto ao resto que refere, dado que é desconhecido, se calhar nem tanto! abstenho-me de responder. Continue a comentar. É sempre bem vindo a esta humilde casa parcial. Cumprimentos
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De Anónimo a 01.06.2022 às 20:17

Não percebi qual a parte do meu comentário que é ofensiva? Mas pode dizer.

Será esta?
Mas você acha que a comunicação social pode manipular, desinformar, enganar.

Eu disse isto como uma afirmação porque no seu texto não disse que não podiam. Assim eu assumi que para você, podiam.

Além disso eu até lhe dei razão em algumas coisas pelo que esperava outra reação.
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De Jorge Santos a 01.06.2022 às 21:07

Caro anónimo ( ou nem tanto, se calhar, mas pronto), vamos lá esclarecer as coisas: eu disse que aceitava todos os comentários, mesmo com ideias opostas às minhas, só não tolerava comentários ofensivos. Certo?
Eu não disse que os seus comentários eram ofensivos!! Porque se fossem, como é anónimo, jamais ficariam aqui.
Quando falei em ofensivos foi no plano genérico. São os únicos que não têm lugar neste blog.
Espero ter esclarecido. Não gosto de mal-entendidos. Eu opino, você opina, e está feito. Pode ser assim?

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