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Criminalidade juvenil pode ter solução

por Jorge Santos, em 07.06.22

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  Não foi fácil construir a liberdade política e social; gerações várias perderam a sua para que todos a pudéssemos ter. Isto deve ser respeitado. E todos deverão ter em conta de que a liberdade não é um bem infinito. Pode ser-nos retirada com facilidade. Como seu defensor confesso, não sou apologista  que se dêm palmadinhas nas costas a quem a destrói dia após dia.

 O governo vê-se obrigado a criar uma equipa especial para controlar a violência juvenil. Acredito nas boas intenções dessa equipa e  desejo-lhe sucesso. Aguardo com curiosidade as medidas que irão ser tomadas. Que funcionem. A bem da liberdade individual.

  Farsa, para exacerbar estatísticas, tem sido a "solução". Extremamente negativa para os jovens e para a sociedade. Todos desejariam que a nossa juventude fosse obrigada a frequentar a escola até aos 18 anos e saísse bem formada, culta qb, permitindo-lhe entender o mundo à sua volta, respeitando-o.

 Mas está mais do que provado o erro de obrigar jovens a irem além da escolaridade básica - a que lhes permite ler, escrever, contar e usar novas tecnologias. De tal modo que as escolas profissionais, não todas, mas alguma parte delas, grande parte, "serve" para construir uma espécie de conglomerado daqueles que abominam estudar. E se aos 15 ou 16 anos, tiveram ou tivessem oportunidade de entar no mercado do trabalho, provavelmente, a criminalidade juvenil decrescia. Quem não se habitua à rotina do trabalho até aos 18 anos, dificilmente a ganha a partir daí. Refiro-me aos jovens que não seguem o ensino superior ou a arte aprendida na escola profissional.

  Com a dificuldade de emprego, a perda de valores - como podem os pais transmitir o que não têm já? , criminalidade facilitada na busca do dinheiro fácil, 18 anos de idade e não saber fazer nada, não terem sido incentivados a trabalhar em coisa alguma, só pode terminar em tragédia. Essa gente não é livre - está fortemente condicionada - nem deixa os outros serem - roubam, agridem, intimidam, traficam. 

  Aos 18 anos, ou um jovem tem  um emprego ou estuda ou beneficia de um curto período do subsídio desemprego. Se assim não for,  está doente e, sendo assim,  deve receber ajudar médica. Andar a roçar o traseiro no ócio, durante o dia, ir para os copos à noite e para a criminalidade ao nascer do dia, isso não. Inadmissível. Um atentado à liberdade dos outros. E à deles, claro.

 Pois então, aos 18, não tendo nada para fazer - claro, tem de usar a criminalidade para satisfazer os vícios - os jovens deveriam ser obrigados, sim, obrigados - principalmente para o seu próprio bem - a seguir caminho pela via militar ou via cívica durante dois anos. Sempre com o objectivo de serem orientados numa via profissional. Devidamente pagos pelo seu trabalho, mas com o horário completo. Rigor cívico igual ao rigor militar.

 Os mais violentos ou aventureiros, tinham o serviço militar para canalizarem energias. Ou outros, um sem número de ações para a sociedade e para o bem de todos, principalmente dos mais necessitados - idosos e doentes. E à defesa ecológica.

 O que não pode manter-se é o "status quo". Não andarmos seguros na rua ou noutra qualquer parte, por causa da criminalidade juvenil, é um atentado ao estado de direito. E devia envergonhar que gere dos destinos sociais de país.

 Venha de lá então essa equipa. Que seja eficaz. Para o bem estar de todos  e para a preservação da tão deliciosa liberdade.

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publicado às 20:24


3 comentários

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De Anónimo a 08.06.2022 às 09:01

Muito bem dito e sem papas na língua!
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De SAP3i a 09.06.2022 às 05:37

1 – Creio que já não há solução. O nível de assimetria de pobreza e condições de vida a que a actual Sociedade chegou ultrapassou o limiar em que era possível esse controlo.
2 – Muitos agentes da segurança e da autoridade vivem igualmente com salários e condições de vida muito difíceis. Só uma pequena casta da elite militar, policial, judicial e política aufere rendimentos altos.
3 – Acresce, que a actual mentalidade propalada pelos políticos e pelos Media ajuda a perseguir e criminalizar os próprios agentes da autoridade, em nome de uma visão ideológica de falsa liberdade, e de má interpretação daquilo que é a democracia e a necessidade de ordem e punição dos crimes. Essa menorização dos agentes da autoridade possui uma correlação com o nível de corrupção e fuga à ordem democrática por parte da elite mais poderosa e que detém a riqueza.
4 – Esta assimetria de pobreza é, ainda, exponenciada pela fé e a crença cega (propaganda dos mais poderosos) na actual ideologia do Liberalismo Globalista (por oposição à ideologia do Estado Social e Social Democracia). O que levou a Sociedade para uma cisão sem retorno.
5 – Muitos dos crimes são praticados para dar de comer aos pais, familiares e amigos. Os jovens rejeitam pedir esmola aos «bancos-da-fome» (como no tempo do outro regime). Não aceita a comiseração e a condenação à pobreza. Não aceitam passivamente as condições de vida e de destruição do seu futuro que a actual Sociedade lhes impõe.
6 – E ainda vai piorar muito mais. A derrocada dessa ideologia Liberal Globalista está à vista de todos com este conflito entre Nato/UE/Ucrânia e Rússia. De facto, esse liberalismo não resolve a sobrevivência a quem tem muito dinheiro no banco e muitas armas, mas não possui os recursos básicos de sobrevivência de energia e pão.
7 – Cerca de 3% da população possui a riqueza que 80% tem. Esta realidade não mudará, sem uma grave convulsão social e militar no mundo. Logo, será cada vez mais difícil (senão impossível) parar o aumento da criminalidade e a perda de controlo das populações.
8 – Ninguém aceita que haja biliões de biliões para armamento, quando há pobres e pessoas sem casa nem emprego nos países que gastam esse dinheiro produzido por todos assim. A guerra é cá, não é lá.
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De SAP3i a 09.06.2022 às 05:54

1 – Para a teoria e as explicações sociológicas funcionarem é preciso primeiro que a Sociedade seja justa, não-corrupta e não demasiado assimétrica.
2 – Só nesse contexto é que as bonitas teorias -- como por exemplo a de Lawrence Kohlberg sobre o desenvolvimento do raciocínio ético de crianças e adolescentes -- funcionam:
i. Obedece a regras e à autoridade para evitar castigo;
ii. Conforma-se ao comportamento do grupo para obter reciprocidade;
iii. Demonstra generosidade para obter favores e evitar rejeição;
iv. Aceita a necessidade de regras e disciplina para manter o bem comum;
v. Torna-se consciente da existência de princípios éticos e morais.
3 – E é sempre bom relembrar a condição antropológica dos Humanos em relação à sua perda de controlo genético e automático da violência: “Os comportamentos agonísticos, tornados desígnios agressivos, vão subtrair-se aos mecanismos reguladores, e constituir uma nova dimensão da violência não conhecida na Natureza, para a qual não há antídoto específico. Doravante, a única inibição da violência entre os Humanos consistirá em o agressor ver-se no agredido, que, de congénere e rival, passa a semelhante. A identificação cognitivo-emocional com os congéneres é, em Homo, o único antídoto real para a violência” (A. Bracinha Vieira, 1991).

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