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Patinho feio vira cisne

por Jorge Santos, em 15.08.22

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  O jogador que nunca sorri: Iván Marcano, defesa-central do FC Porto. Nem quando marca um golo decisivo em cima do minuto 90! A fazer lembrar Buster Keaton, " o grande cara de pedra" ou o "homem que nunca sorria". Enquanto Marcano empolga a plateia com um golo decisivo, Keaton, o Da Grande Piada, do Vaudeville, faz-nos rir até às lágrimas, com os seus "gags" humorísticos. E ambos mantém o rosto fechado e olhar triste. Indiferentes à nossa felicidade.

O "central" dos Dragões foi sempre um "patinho feio" para a maioria dos sócios e adeptos. Principalmente quando regressou do Roma. "Que era um péssimo negócio", "havia melhor dentro do grupo", "flop", enfim, Marcano levou com tudo. Porém, sempre foi um profissional de grande nível. Rosto austero, flagelado pelos ventos agrestes do mar Cantábrico na sua Santander natal. Sem sorrir, sempre cumpriu; e apesar da pouca empatia que os adeptos nutriam por si, nunca virou a cara à luta e foi dos melhores em campo sempre que lhe deram a oportunidade para isso. 

 Tal como Keaton, Marcano é homem de paradoxos. As gargalhadas com Keaton e a magia do golo com o atleta portista. E ambos reagem como se tivessem feito a coisa mais vulgar do mundo. A simplicidade dos "anti-heróis", quando, afinal, acabam de oferecer  aos assistentes o que mais desejam. Gargalhadas e golos. Sem transbordar dos seus rostos um ténue sorriso. 

 Eu sempre gostei de Marcano! Pertenço ao grupo das excepções. Não é qualquer jogador , face à sua posição no terreno, marca 5 golos em 16/17; 7, em 17/18; 6 em 19/20 e, na presente época já vai com dois tentos certeiros. E sempre marcou nos clubes onde teve oportunidade de ser titular. A força e vontade que demonstra, após gravíssima lesão que o parou uma época, põe a nu a fibra de que é feito. E já vai nos 35 anos, num futebol onde, cada vez mais,  pontificam os "bebés".

  É claro que gostava de o ver sorrir. Divertem-me mais os jogadores que revelam alegria a jogar, como Luis Díaz, Maradona, Futre, Chalana, Vitinha ou Oliver Torres, entre muitos. Mas não deixo de criar empatia com os "sérios", desde que demonstrem qualidade, profissionalismo e entrega total ao jogo. E Marcano é destes. Já lhe vai faltando alguma velocidade, mas na marcação é exímio: não passa nada. A continuar assim, Cardoso e Carmo têm de esperar mais tempo do que imaginavam e desejam.

 Keaton e Marcano, dois "sérios", "tristes" até, mas que nos fazem sorrir e  proporcionam felicidade inversamente proporcional aos seus rostos fechados. Quanto ao portista, parece que vai passar a "cisne", depois de tantos anos a representar o papel de "patinho feio". Caramba, portistas, o homem já merecia a simpatia de todos!

 

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publicado às 10:32

Que doidice, Sport TV!

por Jorge Santos, em 14.08.22

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   No início dos seus dias, a SPORT TV foi uma referência. Notava-se, sem dificuldade, uma força, atitude e linha editorial vencedora. Os seus jornalistas que acompanhavam os jogos de futebol eram contidos na verve e na histeria, como devem ser os relatadores de futebol na televisão.

 Quem teve o privilégio de aprender ou o bom senso de saber que relatar futebol na TV e na rádio são formas diferentes de expressão, faz um trabalho decente e agradável para o tele-espectador. Entretanto, até hoje, muita água passou debaixo da ponte do canal. E tudo mudou. Só não mudaram os princípios que norteiam o relato televisivo e o radiofónico. Mas a Sport TV ignora isso por completo. E alguns dos seus relatadores usam e abusam do entusiasmo, do relato e do pormenor. E esquecem o mais importante: nós, telespectadores, estamos a ver. Não precisamos que nos digam o que estamos a ver. E o entusiamo no festejo de um golo ou um corte " na hora H", é por nós festejado, sem precisarmos da ajuda do relatador. Na rádio sim, têm de nos fazer "ver". E, felizmente, ainda há reatos radiofónicos. O vídeo (TV) ainda não matou a estrela da rádio! A meu ver, é imortal!

  Neste fim de semana ( 13, 14 e 15 de Agosto de 2022), uma nova época arrancou, mas os vícios dos locutores/jornalistas/relatadores, continuam. No Casa Pia-Benfica, foi um exagero. Tive de baixar o volume para conseguir aguentar a "fúria" relatadora do Pedro Nascimento; relatou o jogo tal e qual se faz na rádio. Os tons, as inflexões, o detalhado movimento da bola, as subidas e descidas do entusiasmo e o clímax nos golos, gritados! Pura rádio! Erro televisivo. 

 Também não consigo entender num canal nacional, o motivo pelo qual o Rui Pedro Rocha está sempre em Alvalade. Muito mais contido que o Nascimento, usa um procedimento que eu gostaria de ver em todos os outros jogos. Calar-se enquanto é cantado o hino da equipa local ( no caso dele é sempre o Sporting); por vezes o jogo já decorre , o público vai terminando de cantar e, só a partir desse momento, volta a falar do jogo. Assim deveria ser em TODOS os campos. Se só acontece em Alvalade, mal vai a confraria. E não acerta o passo, pois já assim era na época anterior.

 E os "catedráticos"? Bem, hoje só há um, o Freitas Lobo. Ele fala dos movimentos do jogador, se está no sitio certo ou devia estar mais ao meio, se o resultado pode virar, mas para isso o atleta x devia subir mais, etc, etc,etc. Gostava de ter visto o Freitas Lobo, nos seus tempos de juventude, a jogar futebol, não sei como não deu em génio. Agora, devia dedicar-se a treinador. E o futebol positivo iria encantar-nos a todos. Só que no sofá é mais  fácil...

No fundo, não passa de uma cópia mal tirada do verdadeiro "catedrático" da bola de outros tempos: o grande Gabriel Alves ( para não falar de anteriores, que os houve). Esse sim, tinha estilo. Ele sabia tudo dos jogadores: idade, peso, por onde passaram, se preferem jogar com "o direito" ou com "o esquerdo", se rematam assim, se rematam assado. Mas tudo era dito com ponderação, sem levantar muito o tom de voz (claro, nós estávamos a ver!); Voz bem colocada, límpida, o que dizia, com tranquilidade, era agradável de ouvir. Outro esquecimento dos jornalistas desportivos de TV: a escrita é uma coisa, a locução é outra. Estilos  e formas diferentes. Estudam comunicação social para quê?

 Mas hoje, na SPORT TV, vale tudo. Bola para a frente e fé em Deus, ou como dizia o Herman José, "...tudo à molhada; que isto é futebol total".

 Mas nós, os assinantes desse canal, porque pagamos, e não é pouco, merecíamos mais qualidade por parte do "staff" da casa. E não custava muito, bastava colocar as pessoas certas a fazerem o trabalho certo. Como quando criaram a inovadora Sport TV.

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publicado às 10:58


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