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Emitamos, sem medo, a nossa opinião. Como a imparcialidade é um mito, confessemos as nossas PARCIALIDADES.
Acompanho jogos de futebol desde muito novo. Pela mão do meu pai, ia aos estádios ver o Beira-Mar, Académica e FC Porto, os meus clubes de eleição. Quando lhe larguei a mão, passei a ir sozinho. E, confesso, gosto muito de futebol. Do jogo e do espectáculo envolvente. E continuo a assistir, em silêncio.
Nos velhos tempos ia, com amigos, de paixões diversas, sem qualquer tipo de complexos ou receios. Em alegria, com prazer na partilha de opiniões. Quem ganhava ficava feliz, quem perdia, triste, obviamente. E discutíamos! O "penalty", o fora de jogo, as incidências várias. Mas acabávamos por convergir na justiça do resultado, quer fosse do nosso agrado ou não. E a discussão acabava por ali. Na semana seguinte, haveria mais. E seria outro, com certeza, a "chorar"as despesas desportivas. Era assim. E foi durante muito tempo.
A partir do momento em que as máquinas de comunicação dos clubes e empresas que lhes vendem as opiniões, começaram a fabricar, deliberadamente, ódios; ir ao futebol começou a ser quase como ir à guerra. Separados, com a camisola da nossa preferência, só nos jogos em "casa". E cá fora, cuidado, muito cuidado.
As tradicionais discussões de mesa de café ou de barbeiro,com este a mediar, passaram para as mãos de comentadores profissionais; o palco passou a ser o horário nobre das TV´s. E o insulto, intolerância, piadolas de mau gosto de impacto pessoal, levaram a palma. Nós, os comentadores anónimos apaixonados, mas que respeitávamos o adversário, ficámos para trás. Demos lugar aos que usam e abusam do ódio, emitando os "grandes" da televisão. Os seus "gurus".
E eu deixei de discutir futebol. Desaprendi ou poderei terei sido ultrapassado pela novo paradigma, não posso precisar. A verdade é que não me identifico com agressões verbais e hostilidades gratuítas. Sempre entendi essas atitudes como argumento de quem não tem capacidade para discutir. Atropelo às mais básicas regras da educação e do respeito à liberdade de expressão. Que não é agredir ou insultar.
Hoje, tornou-se raro encontrar quem consiga ver em volta. E perceber os jogos no seu todo. É mais fácil agredir, intolerar, cercear a liberdade de análise da outra parte. E isso, decididamente, não sei fazer.
Shereen é mais uma jornalista abatida por militares. De nacionalidade palestiniana e americana, acompanhava uma operação do exército israelita no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada. Tratava-se de mais uma reportagem, entre as muitas que fazia, para o canal televisivo Al Jazeera. A morte foi causada por um tiro na cabeça. Além de ser muito conhecida quer por israelitas quer por palestinianos, usava capacete bem identificado e um colete "Press". As suas armas eram os olhos, ouvidos, bloco-notas, câmara de filmar e microfone. Perigosíssimas, pois, para os ditadores, expansionistas e colonizadores. Pessoas decentes, mesmo em guerra ( não era este o caso!), respeitam os jornalistas. Quando não querem que avancem, dizem. E os repórteres, habitualmente, respeitam.
A pressa do Primeiro Ministro de Israel vir a público afirmar que deveria ter sido atingida por fogo palestiniano, revela o carácter da figura. Político e pessoal. Sem avançar com qualquer tipo de investigação, o mais avisado seria aguardar e falar posteriormente. Para quê tanta rapidez? Dá que pensar.
Segundo a France-Press, não havia nas redondezas palestinianos armados. E os tiros mantiveram-se, já a jornalista estava por terra, durante mais algum tempo, disse a agência. Provavelmente, eram para "varrer" todos os que acompanhavam Shereen. Não podemos esquecer que a opinião pública da Palestina chamava-lhe " A Nossa Voz".
Os políticos e militares que não têm a consciência tranquila ou nem sequer consciência, apavoram-se com a verdade. O desaparecimento do mensageiro, apazigua-os. Num mundo em que o totalitarismo avança a todo o vapor, Putin vai deixando raízes em locais onde menos se espera, a Humanidade desumaniza-se rapidamente. E ninguém está seguro. Nem os jornalistas nem as populações em geral; quando se coloca, ainda, a dúvida se disparar deliberadamente contra cidadãos desarmados é ou não crime de guerra!! Vamos no mau caminho.
O avanço tecnológico está a ser inversamente proporcional ao humanismo. A liberdade de expressão, indispensável à democracia, é a primeira a ser destruída. Assim foi em todas as ditaduras. Tudo preparado, portanto, para a reescrição da História e a destruição da verdade...à lei da bala. Crápulas assassinos.
(Fotos: Al Jazeera e Sapo24)
"Fallaste Corazón"
O FC Porto foi o melhor! Caso contrário, dificilmente chegava à frente desta longa caminhada que é o campeonato maior do futebol português. E teve de ser mesmo muito forte, mais até do que em outras ocasões , uma vez que contou com um adversário direto forte, a jogar muito bem, com grande competência e qualidade - o Sporting. A pertinácia de Amorim transfigurou, para muito melhor, o clube de Alvalade; um digno rival que não permitiu simples deslize ao FC Porto. O que mais valoriza o título dos portistas. Ao Benfica faltou chama e qualidade e, ao Braga, consistência competitiva.
Eu sei que não é fácil para um certo "lobby" de comentadores, herdeiro dos velhos "sábios" lisboetas, quer nas TV´s quer na imprensa, darem a esta vitória o mérito mais do que justo. Alguns, porque têm de fazê-lo, viram de um lado, viram do outro, falam de mudanças para o futebol luso, do VAR, do árbitro, do jogador que sai a custo zero, do treinador que devia aproveitar para sair, e, depois, lá vão dando merecimento ao trabalho dos jogadores do FC Porto, com constrangimento, irritação, "má cara". Alguns até estão "corados", vejam lá bem! O que era um feudo da capital para os seus antepassados, tratavam o FC Porto como os "simpáticos rapazes do norte" ( iam perdendo, à justa, mas iam perdendo!), foi sendo perdido a partir de 78/79. Aqueles que ganhavam de vez em quando, passaram a perder de vez em quando. E os "filhos" dos "doutos comentadores de outrora", aceitam a derrota com dificuldade e nem se preocupam em disfarçar. E, muitas vezes, as hostilidades desportivas são devidas também, note-se, também, a uma linguagem agressiva por parte dos "sábios independentes" e de alguns, note-se, alguns, jornalistas. Destes, lamento profundamente. Quanto aos "adeptos de café" investidos em estrelas televisivas, o melhor é não dar grande atenção. Valem zero.
Mas o hoje é de alegria para o universo portista. E para quem viu pela primeira vez, como eu, o FC Porto ganhar o campeonato em 78/79 e uma festa rija, mas que se restringiu, quase em exclusivo à mítica Avenida dos Aliados (pouco mais), ver agora festa em todo país e mesmo fora dele, apercebe-se de um crescimento exponencial que sempre levou consigo, rumo ao êxito, a cidade que lhe dá nome. E uma enorme felicidade enche os corações "azuis-e-brancos".
O FC Porto foi, algumas vezes, ao longo da época, beneficiado por arabitragens desastradas e "VARES" desatentos? Foi! E prejudicado pelos mesmos? Também! Os adversários directos terão vivido situação diferente? Sim! Quer o Sporting quer o Benfica e mesmo o Braga passaram por momentos iguais: benefícios e prejuízos. Feito o balanço, é sempre o melhor que ganha.Entenda-se benefício e prejuízo como incompetência de árbitros e outros poderes do futebol.
Muita gente merecia destaque nesta hora. No meu caso, apesar de correr o risco de estar a ser injusto, refiro poucos. Sérgio Conceição pelo rigor, liderança, paixão, competência, saber e capacidade de improvisação. Ficar sem dois jogadores essenciais a meio ( Luíz Díaz e Sérgio Oliveira) e conseguir dar a volta à situação, revela grande capacidade e competência para descobrir situações altenativas. E ganhar 3 campeontatos em 5 não é para todos! No FC Porto ou em outro qualquer clube. Destaco os jogadores: um grupo coeso, dedicado, de qualidade, em que titulares e suplentes sempre souberam dar a estabilidade necessária nas diferentes fases da época. Souberam "ser Porto!" Sempre! E os adeptos! Em claque ou a "solo", tiveram a coragem de apontar erros, discutir diferentes pontos de vista, sem nunca hipotecarem os momentos essenciais em que teria de imperar a união e o apoio à equipa. E assim foi. Quando o FC Porto jogava, as diferenças de opinião esbatiam-se, e o apoio era total. Total!
Três vertentes unidas, essenciais para a saborosa vitória. E seria injusto não referir neste momento, duas figuras que estão sempre presentes. Pinto da Costa, claro; em espírito, José Maria Pedroto. Obreiros do "novo" FC Porto. Os mais jovens que não conheçam a obra do Mestre Pedroto, deviam pesquisar e conhecer. Desse modo, vão perceber o porquê do rol de sucessos do futebol e da filosofia que se entranhou no clube, tansformando-o nuns dos maiores do Mundo em qualidade futebolística. Para perceber Sérgio Conceição é conveniente conhecer a obra de Pedroto. Foi este quem tirou os "medos" a uma equipa que, quando ia a Lisboa jogar, passava ponte da Arrábida já a perder por 2-0. "Como nós, um de nós" o feliz slogan também se adequa ao nosso velho, mas eterno, mister Pedroto.
E a minha queria Maria Amélia Canossa! Deixou-nos este ano! Lembrá-la neste momento é incontornável. Também ela, "como nós, uma de nós."
"Oh, meu Porto, onde a eterna mocidade
Diz à gente o que é ser nobre e leal.
Teu pendão leva o escudo da cidade
Que na história deu o nome a Portugal."
Viva o FC Porto! Parabéns, campeões!
( E aqui vai, com uma lagrimazita a cair.....)
Nada surpreendentes as palavras de Lula da Silva à Time, no que concerne à invasão da Ucrânia. É mais um para juntar ao "ramalhete" já nosso bem conhecido dos putinistas. Ainda faltam alguns, mas este estava a tardar. Já se alinhou. Pronto!
Que não gosta dos Estados Unidos, toda a gente sabe. Por consequência, também da NATO. Pela União Europeia, nunca morreu de amores. Prefere acompanhar os países fascistas ( alguns dizem que são comunistas), os que censuram as liberdades essenciais, que prendem pessoas em campos de concentração por pensarem diferente. Afinal, não está tão longe da ideologia do seu adversário Bolsonaro, também este Putinista assumido. Fantástica união de extremos! Pobre povo brasileiro se tiver só estas duas opções de voto.
Os comunistas lutaram contra o fascismo, é verdade, ninguém o pode negar. E fizeram-no com violência, armas na mão, guerrilha, sabotagem. Com danos laterais para muita gente inocente. Defenderam, teoricamente, as liberdades. Mas, ao fim e ao cabo, são incapazes, os seus apoios demonstram-no bem, de viver em sociedades livres e democráticas. Aquela ideia peregrina da ditadura do proletariado ( uma tragédia para qualquer povo que tenha a infelicidade de a sentir na pele) não lhes sai da alma, do coração e da cabeça . E provoca cegueira, sectarismo, incapacidade de ver à volta. Discernimento político.
"Uma guerra tem dois lados e ambos são responsáveis", disse Lula à Time; tem, de facto, dois lados. Mas nem sempre dois culpados. A 2ª Guerra Mundial só teve um culpado: Adolf Hitler. E este conflito, na Ucrânia, não é guerra. Ninguém a declarou! O que é , então? Uma invasão sangrenta de Putin! Uma manobra colonialista, expansionista de um fascista em estado puro. Como podia um antigo activista do KGB ser capaz de promover paz, liberdade e democracia.
Negociar com Putin, quem lê a entrevista do candidato às eleições brasileiras, parece algo simples e fácil. Não faltaram tentativas. Mas todos sabemos que é quase impossível manter o diálogo com um extremista autocrático e egocêntrico. E se sofrer de loucura, mais complicado se torna. Todos os que tentaram , falharam. Todos os que continuam a tentar, nada conseguem.
Mas Lula acha que Zelensky devia dialogar mais e aceitar as propostas de Putin. Assim, seria fácil. Zelensky entregava o seu povo e o seu teritório ao ditador russo e pronto, a guerra não existia. Felizmente o presidente ucraniano não é um cobarde medroso como são os ditadores. E defende o seu país e os cidadãos! Defende-se, é importante frisar, pois não declarou guerra à Rússia, nem anda neste país a ocupar territórios, matar e violar. Há diferenças! E muito grandes. Mas que o sectário Lula, aliado dos ditadores, não consegue enxergar.
Estes demagogos extremistas entendem que Putin pode invadir um país soberano. O que não aceitam é que o povo ucraniano se defenda. Mandam-no ceder a todos os caprichos da potência agressora.
Falta a imprescindível palavra de apoio por parte de Maduro, Miguel Diaz-Canal, Kim Jong, das ditaduras latino-americanas e africanas. A Síria e o Egipto já deram a benção. A China, dita comunista, será "nin" enquanto lhe convier. É com estes "democratas populares" que se juntam os do PCP e Lula da Silva.
" Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és..."
Liberdade implica responsabilidade, não só na impresa, mas em tudo . E é essa comunhão que define os países democráticos e as sociedade livres. Actualmente, para o povo europeu, vivem-se dias difíceis também a este nível. Quando um país colonialista invade outro, a mordaça aos jornalistas passa a ser tão importante como as armas que cospem fogo. E as notícias surgem, neste caso no país invasor, falsas; visam, apenas, manipular os cidadãos. O povo acaba por não perceber com clareza o que se passa à sua volta. Os mais informados, desconfiam. Os outros, acreditam na palavra do ditador. Todas as notícias são a palavra do ditador. E nenhum deles fala verdade. Nenhum é corajoso. Se promovem a guerra, não são mentalmente saudáveis.
Além da guerra, caso muito particular de censura noticiosa, há os totalitarismos. E são demasiados os países a viver este flagelo: quase todos de África, muitos do Médio Oriente, os árabes, parte da América Latina e as mais conhecidas, China, Venezuela, Cuba, Coreia do Norte, Bielorrússia e Rússia.
"O medo de ouvir a verdade", como referiu o Chefe da Diplomacia Europeia, Josep Borrell referindo-se à Russia, mas que é comum a todos os que fazem da opressão o seu modo de vida. Infelizmente, há nações que teimam em votar em políticos ideológicamente ambíguos. E não é preciso ir para a Índia, Hungria e Polónia. Basta dar dois passos aqui ao lado, a França com o seu fenómeno Le Pen.
Só sentimos a nessidade social que uma imprensa livre faz quando não a temos. Há , contudo, quem continue a arriscar. Um dia pode ser tarde. E voltar atrás é de uma dificuldade extrema.
Mas se nas sociedade antidemocráticas a censura à imprensa é sobejamente conhecida, muito preocupante parecem-me ser as democracias ocidentais onde o ultra-liberalismo impera. De forma subtil, o travão à liberdade existe. A partir do momento em que os orgão de comunicação social pertencem a grupos económicos muito poderosos, alguns multinacionais, duvido da plena liberdade. Para quem tem a ganância financeira como objectivo ( e têm-na os extraordinariamente ricos), pouco importa liberdade, imprensa, valores, pessoas. Tudo lhes serve como degrau para a ascensão financeira.
Nestes casos, o jornalista tem uma tarefa muito complexa para fintar o "lápis azul". O que torna difícil a sua profissão. Vive em liberdade, mas condicional... Lamento que assim seja.
O que se pede ao profissional da comunicação social é a honra ao seu código deontológico e use o bom-senso no momento de informar.
Se o jornalismo não for livre, não existe. Cabe , também, ao profissional lutar contra as amarras. O jornalismo livre ajuda a criar poder de crítica nos cidadãos. E são estes, bem formados, que exigem uma informação sem censura.
Viva o jornalismo livre!
( crédito da foto: Click Guarulhos)
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