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Emitamos, sem medo, a nossa opinião. Como a imparcialidade é um mito, confessemos as nossas PARCIALIDADES.
Frederico Varandas anda mal humorado, muito mal humorado! E, por isso, vai na senda dos comentadores televisivos que vomitam ódio todos os dias. E quanto mais ditaribes fazem, menos credibilidade têm no seio da opinião pública. São dispensáveis, claramente. Muitos houve, muitos há e haverá. O presidente leonino está a chegar a esse ponto negro. Já despejou tanta gasolina nas brasas que o fogo não tardará a chamuscar as massas. Que estavam sossegadinhas neste período chamado defeso.
Mas o presidente dos leões não sossega. Incendeia como há muito não se via em Portugal. Graças a Pinto da Costa, Varandas já é uma "estrela" no mundo do futebol luso. Os pontapés que dá, não são na bola, são no presidente do FC Porto e os golos que, eventualmente, marque ainda estão por contabilizar. Porque alguns irão parar dentro da sua baliza. Veremos no fim quando se fizerem as contas.
O que Varandas quer para o futebol português é paradoxal com o que diz. Um presidente de clube deve ser o primeiro a pacificar o que ande agitado. E não pode, por sentir-se ressabiado com inêxitos, disparar hostilidades contra um alvo pré-definido. Muito menos, como pessoa de formação superior, traçar comparações entre tragédias que nunca deveriam acontecer. Ajusta-se bem aquela frase que o povo usa " tão inteligente para umas coisas e tão asno para outras".
As afirmações visando Pinto da Costa terão, com certeza, uma estratégia. Não me parece que Frederico Varandas seja tão impulsivo quando perde que vá, de olhos fechados, a correr para fora de pé. Há um objectivo. Que não consigo discernir.
Se a ideia é desestabilizar o universo portista, vai marcar na própria baliza, ai vai, vai! Entre os sócios do FC Porto há diferentes formas de pensar; há, inclusivamente, críticos à actual administração, até há quem já não suporte Pinto da Costa na presidência! Mas quando surgem ataques sem sentido ao clube ou ao presidente, as pessoas pôem de lado diferenças e unem-se. Unem-se mesmo! E esse tem sido o segredo para muitos sucessos.De ataques estão os sócios portistas habituados! E perante estas hostilidades despropositadas, já se uniram. O que é perfeitamente legítimo. Defendem o clube. É um dever! Está nos Estatutos.
Se é outra coisa que motiva o ódio de Varandas, lá saberá as linhas com que se cose. Mas esticou demasiado a corda, não se comportou como presidente de uma grande instituição, como é o Sporting. E foi a negação de tudo o que apregoa. Se tem alguma prova do que disse - que Pinto da Costa é um corruptor activo - poderia dirigir-se ao Minispério Público e fazer uma denúncia. E deixar as massas fanáticas, radicais e perigosas em sossego. No fundo, Varandas foi exactamente igual a esses. E como todos os radicais, não favorece o clube, nem a si e muito menos pacifica as hostes. Varandas num mau caminho criado por si ...
No passado mês fiz uma peça para um orgão de comunicação social sobre atletismo. E a dado passo, o dirigente do clube com quem estava a falar, diz: " se não fossem os runners, isto era uma tristeza. Os runners, além de ajudarem financeiramente, são o espírito das corridas de estrada, sejam de fundo ou meio-fundo". E eu, que sou um runner, não lhe disse, mas senti uma ponta de orgulho. Nesta forma de estar na vida que entendo ser extremamente positiva para a saúde. E ainda apreciada pelos organizadores de provas em que participam alguns dos mais rápidos atletas do mundo!.
Mas o que é um runner, poderá perguntar o leitor e com razão. É um corredor, isso mesmo! O termo runner distingue dos profissionais e dos atletas de elite. Estes correm por dinheiro e para "cronos" que lhes permitam um lugar nos Jogos Olímpicos. Nós, recebemos a nossa medalinha, fazemos o melhor tempo possível - sempre em função das circunstâncias na semana de treino - e a festa. E há alguns que até conseguem meter-se na luta com os de elite. Bravos!
De facto, quando chegamos a uma maratona ou meia-maratona em que participam os craques quenianos, zairenses, nigerianos e portugueses de topo, as suas rotinas não se alteram. Vêm em autocarros da Federação Portuguesa de Atletismo ou do clube organizador, calados, concentrados, vão fazer o aquecimento ( às vezes, já o fizeram noutro lugar), dirigem-se ao pórtico principal e, ao som da pistola, pulsam no "on" do relógio e, quais gazelas, "voam" sobre o alcatrão. Não vêem a paisagem - tantas vezes magnífica - não olham para as pessoas. Só correm. E muito.
Nós, os runners, chegamos em grupos animados. Animamo.nos uns aos outros. Transformamos um evento desportivo, que até comporta atletas olímpicos medalhados, numa festa popular. Alterna-se o aquecimento com uma palavra a este, outra aquele ou aquela, umas garagalhadas, dança-se ao som da música que anima o arraial. Durante a corrida, enquanto há forças para tal, continuamos a falar uns com os outros, com o público que nos aplaude e dá força. Dizemos olá a quem está nas janelas a ver-nos passar. E, no fim, continuamos a festa. Em tudo o que a organização põe à disposição, colaboramos. Animação nunca falta.
Os olímpicos, entraram caldos e saem mudos. Vão ao pódium, os que vão, e seguem para o autocarro que os levará aos hotéis. Nós, os runners, a beber e a comer, ficamos a vê-los partir, acenamos para aqueles rostos esquálidos, cansados, vão trincando uma bolacha de água e sal, com o olhar perdido no horizonte, a pensar já no próximo compromisso.
Encostado às barreiras a saborear um bola de Berlim, observo a partida deles e digo para mim: quão subjectiva é a felicidade!...
A banalidade da informação não é fenómeno actual, mas atinge, hoje, o exagero. "Shares", audiências, "chegar primeiro", pressões diversas. E mera incompetência do profissional, podem ser alguns dos motivos que causam essa frivolidade. Bem como critérios editoriais populares com intuito sensacionalista. No passado, século XIX, princípios do XX, os jornais eram de uma sobriedade férrea. Na imprensa de referência como no "The Guardian" ou "The New York Times". Ou por cá, no matutino "O Primeiro de Janeiro", extensos "lençóis" de texto; mas no que à notícia dizia respeito, um rigor quase marcial à objectividade, verdade e fonte. O objectivo passava por informar o leitor o melhor possível. Evitar, a todo o custo, confundi-lo, desviá-lo, levá-lo a pensar que a informação...o desinformava.
A imprensa escrita mudou de estilo gráfico - títulos criativos ou descritivos, "leads" bem redigidos e textos mais curtos. Logo, maior concisão e menor dispersão do que é realmente importante. Na actualidade, os jornais vão cumprindo com simplicidade a sua função: informar. A exigência editorial de outros tempos ainda vai sendo encontrada nos matutinos ditos "sérios". A desinformação não é tanto promovida pela maioria destes orgãos. As novas tecnologias e a televisão são muito mais eficientes a manipular ou desinformar. Porque, infelizmente, para muita gente o que é dito na televisão é a verdade, mesmo que seja mentira.
Num artigo de opinião de um jornal, por mais que o autor se esforce na desinformação, jamais poderá competir com outro, a opinar na televisão em horário nobre - seja jornalista ou comentador. A televisão encarregou-se de confundir os espectadores entre a função de comentador e jornalista. Sem qualquer preocupação em esclarecer . Aqui começa a desinformação.
Pior do que a televisão, as redes sociais. O Facebook é a máquina preferida dos produtores das multinacionais "fake news". Torna-se extremamente fácil criar páginas, às centenas, para desinformar ou manipular. Em todas as áreas, indo a predominância para a política, futebol e burlas diversas. A rede tem o seu mecanismo para vigiar estas páginas, mas quando encerra 10, os desinformadores criam 100.
Cabe, pois, a todos nós o rastreio destes atentados à verdade. Mas a igorância de alguns, o desinteresse de outros e a má-fé de uns quantos, leva a que a viralização da mentira pelas redes avance avassaladoramente.
E, desconfiando, basta que o utilizador das redes cruze a informação difundida na INTERNET. E a verdade ou mentira, como preferir, saltará à vista. Fácil para todos? Claro que não! Principalmente quando um clima de ódio vai pairando sobre o mundo. Contagiando-o.
Os temas que estão na ordem do dia - COVID e invasão da Ucrânia - são mel para os fazedores da desinformação. Muito fácil construir notícias falsas e grande dificuldade em detectá-las. Ou não seja maquinaria pesada e sofisticada a funcionar.
A desinformação é apanágio de uma sociedade doente. Quando a violência, dinheiro, ganância,populismos, ataques a jornalistas, atropelos vários à liberdade e democracia valem mais, muito mais! do que a vida humana, a desinformação é bengala essencial e indestrutível. Por muito que a queiramos combater, e queremos, com certeza!, é quase missão impossível. Porque, primeiro, urge tratar a sociedade no seu todo. Daqui a algumas gerações, talvez.
Após 1908 a monarquia a sério, política, social, foi definhando; finou-se em 1910. O povo, no entanto, não esqueceu os reis; afinal, tantos séculos no poder não ficam esquecidos num piscar de olhos. Se os das cartas de jogar mantém a dignidade e continuam a ser respitados nos salões, os outros, de carne e osso, nem por isso. A república, apesar de não ter sido referendada em Portugal, ao contrário do que aconteceu por outras paragens, também nunca foi muito solicitada. Talvez porque os monárquicos verdadeiros não se estiveram para maçar muito ( dava um trabalho do caraças!) a mudar o ponto da Constituição em que é referida a forma republicana do regime.
Mas o povo não esqueceu os monarcas, não!; sem ter de prestar-lhes vassalagem, pois as famílias de cabeça coroada abalaram. Com a sua falta, não demoraram muito a substiuirem-nos. A palavra real fazia-lhes falta, de certeza. Era o Elvis, o "Rei"; O Roberto Carlos, "O Rei". Depois, a monarquia disseminou-se: "Rei dos Botões", "Rei dos Frangos", "Rei dos Leitões", "Rei dos Motores" e mais não sei quantos que os meus amigos, de certeza, conhecerão. O meu vizinho do rés do chão é o "Rei dos Amortecedores" e o da esquina, "O Rei dos Talhos". Conclusão, a monarquia não acabou. Transformou-se. Afinal, nada se perde, tudo se transforma. Pode ser para pior, mas transforma-se
O problema é esse. A qualidade dos monarcas decresce a olhos vistos. Ontem, pelo facto de o José Milhazes ter dito um "palavrão" em directo no noticiário para desespero da Clara de Sousa e gáudio dos "reis" das redes socias, Milhazesw foi ligo tratado por "czar" ; talvez para respeitar a tradição, rapidamente alteraram para "Rei da TV". Incrível, um homem abrir a boca e dizer uma palavra interdita no canal onde a profere...passa a "rei"!
Pior ainda, aconteceu hoje, no Porto. Um indivíduo circulava de automóvel, em sentido contrário na VCI, foi interceptado, conseguiu fugir a pé com a namorada, mas, umas horas depois, apanhado a roubar. O quê? Um catalisador. Já referenciado pelas autoridades, com mandato de busca, é conhecido pelo "Rei dos Catalisadores". Pobre monarquia! Vai de mal a pior.
(Foto: Record)
"Caiu o Carmo e a Trindade" entre os comentadores do futebol! Não haverá árbitros portugueses no próximo "Mundial". Quando eu estava à espera de alívio e felicidade por parte dessa classe televisiva, tive de meter a viola no saco! Afinal, os indivíduos ficaram mesmo zangados, indignados. E eu de boca aberta de espanto. Se fiquei!
Os intelectuais da bola, os "experts" da arbitragem não se conformam. Mas, ó senhores catedráticos da coisa, então não são os senhores quem, fim de semana após fim de semana, vociferam contra árbitros e "vares"? Chamam-lhes incompetentes, distraídos, mal preparados fisicamente e tecnicamente. Que o VAR não vê as imagens, precisa de óculos, que as linhas são duvidosas, a comunicação entre as equipas devia tornar-se pública, erros crassos, mudança geral na arbitragem, uma desgraça. Enfim. Só não lhes chamam ladrões porque essa palavra é proíbida em televisão. Falam os treinadores e o cenário é parecido. Já nem cito os dirigentes de clubes para não dar cabo desta prosa toda.
Se os árbitros são tudo isso que eles afirmam, por que raio haveria a FIFA de convidar algum deles? Afinal, se esses comentadores estão indignados é porque, na realidade, os homens do apito não são assim tão maus.
Pois, o problema é dos tais "neutros" que opinam com honestidade e imparcialidade. Não o fazem, claro! Não conseguem libertar-se do peso dos clubes. Do amor e do ódio, abundam ambas as espécies. Agora, "a frio" perecebem que os árbitros não são assim tão maus, comparados com os de outros países e que por aí aparecem a apitar "Champions" e Liga Europa. Vê-se cada exemplar!
Mas essas figurinhas televisivas, algumas despejam o odioso também em comentários de jornais, estragam tudo, têm um comporartamento de adepto de café, mas julgam-me mais "finos". Finórios, isso sim. São é mais ricos, principalmente os que vendem o "saber" nas TV's. Dizer mal é bem pago!
E os árbitros portugueses ficaram em casa. .."Estudassem"!
O que aconteceu com os árbitros, acontece com o portista Pepe. Quando joga pelo seu clube, só falta chamarem-lhe assassino. Quando joga na selecção, é o melhor "central" da europa.
Vá lá a gente entender os comentadores imparciais!
( nota: a foto do árbitro João Pinheiro, nada tem a ver com o texto, é meramente casual numa peça que pretende falar de árbitros)
Foto: Paulo Cunha/EPA
Estávamos, todos, fartos de confinamentos e restrições. Até os defensores de uma democracia musculada, aqueles que querem pôr filtros em certos tipos de liberdades, estavam fartos. E vivívamos em ditadura consentida (utlizando uma palavra, hoje, muito grata e essencial) e temporária. Não cabe nesta prosa discutir se tais restrições motivadas pela COVID eram ou não necessárias. Isso é argumento para outro filme. Por agora, concentremo-nos na liberdade que perdemos durante dois anos.
É bom perceber esta faceta do povo português:o gosto pela liberdade! E a economia agradece, pois só um povo livre consome de modo satisfatório em todas as áreas. Uma ditadura de mais de 40 anos atrofiou Portugal e ainda têm "saudosistas" até dizer chega; os mais jovens, não surpreende, pois só sabem viver em liberdade e nem imaginam viver sem ela (tiveram neste confinamento um pequeníssimo exemplo, mas assutador); incompreensível, os mais velhos; viveram ainda no período do Estado Novo. Das duas uma, ou eram privilegiados e pretendiam continuar a sê-lo, mesmo sabendo que os seus semelhantes viviam mal ou, então, são puros masoquistas! Talvez meros provocadores, afinal. Independentemente das circunstâncias, a verdade é simples de definir : a esmagadora maioria do povo já não passa sem a liberdade social, cultural e política. A económica é coisa ideológica e fica para outro dia.
Não podemos esquecer as festas populares, as pregrinações a Fátima, Santiago e outras, a actividade desportiva, o convívio em bares e cafés, o rally de Portugal, os concertos de verão, a praia, as discotecas, as viagens turísticas e de negócios, o fecho de lojas e escolas e a traumatizante permanência em casa. Com limitações parecidas, quiçá mais duras, há povos que aguentam, estóicos, sem reclamação possível. E com a agravante de um incumprimento dar cadeia. E sempre caladinhos. Refiro-me à China, à Coreia do Norte, à Venezuela, à Rússia e a alguns países afro-asiáticos. O povo que não tem liberdade no dia-a-dia não sofre tanto. Estão habituado a restrições ditatoriais e prisões por coisas tão simples como ler um livro... .
Mas a gente das grandes democracias, sofreu, protestou, transgrediu.Lutou! Sentindo a privação de liberdades tão básicas, auto-intitulou-se prisioneira, numa prisão com janelas sem grades.
Esta forma de sacudir a opressão, a mim, um adepto incondicional da liberdade político-social, encheu-me de esperança. De sofrimento, sim, mas de esperança também.
O povo livre não quer deixar de o ser. A maioria, claro. E se, às vezes, em actos eleitorais prega-nos uns sustozitos, no fundo, é para abanar o sistema e mostrar aos políticos a sua força. Pois não o vejo capaz de, deliberadamente, entregar o ouro ao bandido e colocar a cabeça sob o jugo de um ditadorzeco qualquer.
O 25 de Abril trouxe-nos a liberdade. E nenhum de nós consegue passar sem ela. Seja em que sector for. Porque é uma necessidade social inegociável. Imprescindível. Mas esgotável, cuidado.
Foto: WRC
Digo-vos já, meus amigos, que de exército percebo zero. De majores, generais e outras patentes, leigo me confesso. Mas de história, li algumas coisas; e de guerras, vou pesquisando, ou não seja o tema do dia, todos os dias. Para infelicidade de todos nós, nomeadamente o povo ucraniano e o povo russo.
Do alto da minha ignorância, dou comigo a pensar que os majores-generais a falar da invasão russa, usam verbe semelhante aos especialistas COVID, até há bem pouco tempo, as "estrelas da TV". Como neste mundo o homem não é eterno, estas "estrelas" passaram o testemunho aos majores-generais. Assumo já aqui que não gosto de ouvir as suas análises. Não me esclarecem, parecem muito abstractas, confusas, pouco esclarecedoras.
As "estrelas" do COVID comunicavam melhor. Confusas, na mesma, porque cada cabeça ditava a sua sentença. Mas isso obrigava-nos a pensar, a ter espírito crítico.
Os majores-generais, se calhar nunca foram à guerra. Perdoem-me se estou fora de pé, mas ao falarem dessa trágica situação, é o que me parece. Provavelmente a culpa é minha, deixem lá.
Mas outro aspecto bate de frente na minha ignorância. As opiniões desses chefes militares que abundam nas TV´s parecem ter todos estudado pela mesma cartilha. E mais, não desenvolveram espírito crítico. Por isto, é com dificuldade que falam num país independente que foi agredido covardemente e de forma sanguinária. Que raio, isto não é a verdade? Mas os majores-generais andam à volta, à volta, à volta, consideram que há uma série de culpados por ter havido invasão, mas nunca conseguem culpar a Rússia. Assim, com todas as palavras, " a Rússia invadiu a Ucrânia"! Preferem ir historiando a Ucrânia, os Tratados de Minsk, a velha União Soviética. Até trazem Lenine à baila.
No fundo, o que me parece, é que se envergonham com as derrotas do exército russo. E não gostava de enganar-me, mas todos revelam um "fraquinho", para não esticar muito a palavra, pela "Mãe Rússia". E alguma nostalgia pelo expansionismo soviético.
Como eu, são parciais.Defendo a Ucrânia, eles a Rússia.
E ambos defendemos a Paz. Mas a hipocrisia deles não me convence
Conheço-a há muito tempo. Éramos jovens, não havia redes sociais, computadores e telemóveis. A interação era diferente, não sei se melhor ou pior, deixo isso para os especialistas na matéria, mas diferente. Muito. Juntávamo-nos no café, nas casas de uns e outros, saímos ao sábado à noite para tomar uns copos e, às vezes, ao domingo. Nas férias, era a praia, as viagens, as noites inteiras ao luar. Cada um com os seus problemas, desabafávamos, aproveitávamos o convívio para arejar ideias, descontrair, maldizer as coisas más. Momentos felizes. Penso que o eram. Para mim, foram.
Ela sempre foi uma pessoa serena, agradável no trato, dava opiniões e era solidária entre amigos. Nunca a tinha visto lançar provocações, frases com o intuito de magoar, agressões verbais mais ásperas, ofensivas. Afinal, como amigos, convivíamos pacificamente. Ríamos, às vezes das nossas diferenças. Dávamos sempre oportunidade ao contraditório. E convergíamos , mesmo quando, acaloradamente, abordávamos o futebol e a política, os dois temas fracturantes num grupo de amigos. Nunca ficámos divididos por causa disso. A tolerância era regra tácita. Sem dramas, sem pressões.
Com o andamento da vida, uns ficam, outros vão e o contacto passa a ser muito mais raro. Entretanto, as redes sociais surgem e mudam por completo as nossas vidas. Gente que não se via há décadas, passou a conviver num mundo específico: o facebook. Entre "likes" e saudações, vamos conhecendo, outra vez, as curvas da vida.
Sem perceber muito bem porquê, dois desses amigos da "velha guarda" bloquearam-me na rede social. Surpreso, tentei encontrar motivos. Não consegui! E esses dois desapreceram de vez. Provavelmente, nos tempos em que vivíamos juntos quase todos os dias, não mem suportavam. E sem coragem para dar-me um tiro, aproveitaram a rede para me colocarem fora da sua esfera de amizades.
Ela não me "abateu". Mas os ódios com que passou a escrever, "mataram-me" de pasmo. Foi o futebol e a política, os tais temas delicados que não deviam jamais beliscar amizades ( afinal, a tolerância ...). Postagens sobre futebol, não a enaltecer os feitos das suas cores preferidas , como devia ser, mas de forte pendor provocatório para os que gostam de clubes rivais. Ódio, importa dizê-lo. Agressividade, hostilidade. Sem qualquer menção ao seu emblema favorito. A ideia que dá é de ter só ódio em relação aos outros e nenhuma paixão em relação ao seu. O ódio alheio alimenta a sua paixão. Na política, outra desilusão. Contra tudo e contra todos, mas extremamente desagradável a responder aos comentários elevados ( e fundamentados) de quem discorda. Também aí transparece ódio.
Lembrando a pessoa, jamais iria imaginar que estava sufocada desse ódio. Que guardou durante décadas, para despejar logo que o facebook lhe deu oportunidade de exercer a liberdade de expressão. Como foi capaz de disfarçar esta faceta odiosa e provocatória durante tanto tempo? Não deve ter sido fácil .
Nas conversas pessoais em que abordo estes casos, dizem-me que é "o pão nosso de cada dia" do facebook e de outras redes sociais. As pessoas são capazes de fazer comentários no facebook que frente-a-frente jamais fariam.
É pena, digo eu. Porque esse ódio que a rede facilita vira-se, quase sempre, para quem o expressa. A mim pouco afecta. Deixo de ler, de acompanhar. Ninguém gosta de ser, sitematicamente, hostilizado. Como eu, outras pessoas. Mais cedo ou mais tarde, ela dá conta disso. E este distanciamento, faz mossa. Penso, até, que o desprezo é do que mais custa a suportar. Mas para o ódio e fanatismo, não há outra solução. A rede veio, também, dar um "palco" a quem é alégico a holofotes. E pronto, vivem na concha, envolvidos em radicalismos. Tempos...
Nunca gostei de maiorias absolutas. Nem nas instituições que tive o prazer de liderar! Este absoluto vício da democracia pluralista vem comigo quase desde o berço. Mesmo não gostando, aceito. Mas sem resignação. Afirmo sempre que é a democracia o menos mau dos regimes, mas que fica inquinada com maiorias abolutas. Estas têm cheiro e sabor, lembram-me outros tempos, antes e depois de Abril. E o aroma é enjoativo, traz a reminiscência da ditadura, do amiguismo e da falta de equidade.
Apesar de não gostar, em democracia já levamos com três. A de Cavaco, de onde surgiram alguns dos piores corruptos conhecidos até hoje. A de Sócrates, de triste memória e que nem vale a pena qualificar e, agora, a de Costa que quer fugir de Sócrates como o diabo da cruz. Não confio na gente que ladeou Sócrates! Puro convicção! Nada de científico. Por mim, afastava-me deles.
Foram maus momentos para a sociedade portuguesa, a vida em maiorias absolutas. Há muita "fome" de poder e alguma de vingança. E há cargos apelativos e bem pagos para os amigos do PS, independentemente da competência e mérito.
Se com maiorias relativas já passamos as passas do Algarve para aprovarmos um projecto ou concorrermos a determinados programas, em maioria aboluta foi sempre pior. Sendo absoluto o poder, aumenta exponencialmente o perigo de transgressão.
Não gosto e considero perigoso. Tomando em consideração o que já passámos com tal amontoado de deputados do mesmo partido.
É mais fácil, com certeza, "A Festa dos Compadres"...
E estas coisas não são de hoje. Visitemos "As Farpas", de Ramalho Ortigão, escritas em 1889. E prestemos especial atenção ao Tomo XI:
"...Ajoelhemo-nos, reverentes, e ergamos o nosso pensamento ao Altíssimo! Logo que o povo português chegue a ter a compreensão nítida e perfeita do seu actual destino e da sua presente situação na história , a festa dos compadres, hoje obscura, será a primeira das nossas festas nacionais.
Há muito tempo que o reino deixou, de facto, de pertencer aos frades, deixou de pertencer à Virgem, deixou de pertencer ao rei, e deixou de pertencer à Carta. (...) O reino, agora, a quem pertence é unicamente ao compadre."
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.