Alojamento: SAPO Blogs
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Emitamos, sem medo, a nossa opinião. Como a imparcialidade é um mito, confessemos as nossas PARCIALIDADES.
"Good Morning John", canção dedicada por Kris Kristofferson ao seu amigo de sempre, Johnny Cash
A Organização das Nações Unidas, fundada no final da 2ª Guerra Mundial para fomentar a cooperação entre as Nações, está estatutariamente desactualizada. O que não surpreende face às mudanças políticas, sociais e geoestratégicas desde a sua criação até agora. Se dúvidas houvesse, esta invasão, promovida pela Rússia, esclarece-as todas.
António Guterres, pacifista e, por consequência, humanista, por mais que se esforce, e esforça-se!, na mediação do conflito, nada vai conseguir. O secretário- geral pretende o mesmo que toda a gente de bom-senso: o fim imediato do cessar fogo. Tarefa inglória. Para Guterres ou para qualquer outro mediador. Até para os corredores humanitários há imensas dificuldades. A Rússia, simplesmente, boicota. Putin sabe bem o que quer e não pára enquanto não o conseguir. Por seu lado, os ucranianos, defendem o país e não se vão render. Preferem morrer. Um nó górdio, portanto!
Negociar seria possível se António Guterres pudesse, sim, pudesse!, mediar. Mas não é possível, depois do veto da Rússia às deliberações do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O secretário geral é, neste momento, um refém e não negociador.
Pode por-se em causa o papel da ONU e se faz sentido a sua existência face a este conflito. Parece que a sua organização interna caducou. Os 5 membros permanentes do Conselho de Segurança com poder de veto são a Rússia, China, os Estados Unidos, França e Reino Unido. O que esperar desta dinâmica? Nada. Faliu. Como podem estados agressores ter direito a vetar as suas próprias ações? Inadmissível! Os países que possuem as armas nucleares mais evoluídas( que se saiba!) pertencem a este lote: Rússia, Estados Unidos e França. Guterres é um refém. E o resto do mundo também.
Tudo isto tem de alterar-se. É indubitável. Por que via é que constituí a dúvida. Negociar, é cada vez mais difícil. Resta o belicismo. A agressão. A subserviência dos pequenos aos grandes. v Gradualmente, os extremos políticos crescem e as soluções para os problemas graves vão afunilando. Estaremos a chegar ao fim de um ciclo?
António Guterres a visitar Bucha. A sua expressão diz tudo.
Tal como Paulo Sérgio ( na foto) também eu ponho as mãos na cabeça face à enormidade do Conselho de Disciplina em mover-lhe um processo de inquérito por ter perdido o jogo no Estádio do Dragão por 7-0. Sim, o problema foi ter sido com o FC Porto e o volume do resultados. A bem dizer, o Conselho de Disciplina desconfia que Paulo Sérgio escolheu os piores jogadores do plantel para apresentar contra os portistas ( quem souber a razão, diga) para lhe facilitar a vida . E como a equipa algarvia só fez sete ou oito faltas, mais grave se torna a questão para o treinador dos algarvios. Os craques do Portimonense ficaram todos na praia a descansar para não incomodarem a equipa que lidera o campeonato. Tudo isto foi amplificado ( e talvez construído, sei lá!) pelos comentadores "independentes" que pululam nas televisões. A indiganção foi tanta que o Conselho de Disciplina tinha de os calar: moveu o inquérito. E, assim, sossegou-os, pois como dizem alguns, a lei é para cumprir.
Evidentemente que a lei é para cumprir! Mas quando esta não têm qualquer razão de ser, vai cumprir-se o quê? O Paulo Sérgio explicou ( talvez devesse ter estado calado ! O cinismo, no futebol, costuma funcionar) a razão por que apresentou aquela equipa. E pormenorizadamente. Logo no final do jogo, na conferência de imprensa e ao longo da semana. E fazer entender isso aos comentadores "independentes"? Tarefa difícil para quem usa palas em vez de óculos.
Uma equipa não pode apresentar-se com jogadores demasiado inferiores aos do adversário que vai ter pela frente. É mais ou menos isto que diz essa alínea estúpida da lei. Terá sido pensada e redigida por pessoas que sabem o que é jogar futebol. Por quem entende o custo de manter uma equipa na Liga principal de futebol? E o que perde, financeiramente, quando desce de divisão? Tenho dúvidas.
Alguém se lembra de que há uma competição chamada Taça de Portugal, em que os "grandes" jogam com os "pequenos"? Às vezes dá goleada. Outras, ganham o menos fortes. Fazer esse tipo de competição deveria ser proibido, então! Pela lógica do raciocínio dos entendidos. Devem achar que o futebol vive de equilíbrios!
O Paulo Sérgio gostaria, com toda a certeza, de ter na sua equipa jogadores como Vitinha, Fábio Vieira, Evanilson, Pepe, João Mário, Pêpe, Octávio ou Taremi. Como ficaria feliz se pudesse chegar ao "Dragão" e jogar para vencer. E "espetar" 7! Algum treinador quer perder? Por 1 ou por 7 ? Nenhum!
Quantas equipas ( incluindo Benfica e Sporting) já sofreram goleadas de 4 ou 5 com o FC Porto? E quantas, claramente inferiores, já foram ao recinto portista ganhar? O futebol é mesmo assim. Geralmente, ganham os melhores, mas não é certo que assim aconteça . É o que dá a magia ao mais popular desporto da Europa.
Fala-se tanto em poupar jogadores quando defrontamos clubes estrangeiros! Fala-se tanto nessas poupanças quando as equipas mais fortes têm confrontos próximos com os "gigantes" europeus e defrontam adversário de menor dimensão em Portugal. Se Paulo Sérgio fez poupanças a fim de atingir os objectivos do Portimonense ( não sei se fez, estou a especular), quem lhe pode negar esse direito? E se tivesse apanhado um FC Porto como o que se apresentou em Braga e ganhasse! Aí virava herói! Assim, virou vilão!
Mas estranho no meio de tudo isto é que ninguém se incomodou muito com outros jogos ( há-os todos os fins de semana), coma B-SAD a jogar com oito, nem com o Nacional quando perdeu por dez, o Braga por 6 , nem quando outros treinadores afirmaram que no jogo com o "grande" iam fazer descansar jogadores essenciais ( Petit foi um deles). Nada disso incomodou os "independentes" do comentário. Nem o Conselho de Disciplina.
O incómodo chegou agora porque o beneficiário do mau momento do plantel de Portimão foi o FC Porto. Não tenho a mais pequena dúvida. Se o nome do clube vencedor fosse outro, passava tudo com tranquilidade, como sempre passou, aos comentadores "independentes" e ao Conselho de Disciplina. E isso, sim, é a normalidade. Foi o que sempre aconteceu. Agora abriu-se um precedente engraçado. Sempre que haja goleada, há desconfiança. E o futebol não sossega. Vai ser giro!
Como adepto da modalidade, gosto de ver os melhores em jogo. Sempre! Quando sei que numa equipa falham atletas essenciais, fico desagradado. Afinal, são os grandes jogadores que cativam os espetadores. O Barcelona era o mesmo sem Messi, ou o Real Madrid sem CR7, etc,? Claro que não.
Paulo Sérgio, que conheço como profissional honesto e focado no seu trabalho, não merecia esta afronta. Felizmente, sabe quem lha armou. Aos 54 anos, nunca teve o mais pequeno problema, quer como jogador ( representou Belenenses, V. Setúbal, P. Ferreira, entre outros clubes) quer como treinador ( passou por emblemas como Santa Clara, Beira Mar, Sporting. V. Guimarães). Nem fora de portas quando orientou o Hearts da Escócia, Cluj , da Roménia e Apoel, do Chipre.
Mas este "ataque" ao treinador do Portimonense leva água no bico! E deve ter muito pouco a ver com o clube de Portimão. Foi azar, Paulo Sérgio. Se o jogo tivesse sido contra um dos rivais do FC Porto, se calhar, em vez do processo de inquérito, erigiam-te uma estátua. Na bola lusa é assim. Há filhos e enteados. O que lamento profundamente.
Talvez estejam certos os defendem ser demasiado tardia a visita de Guterres a Putin. Porém, parar uma guerra, nunca é tarde. Procurar a abertura dos canais do diálogo é sempre oportuna. O presidente da ONU nunca terá acreditado na ousadia maléfica do ditador russo. Imediatamente antes da invasão, vários foram os políticos que tentaram travar Putin. Sem resultados. Lembrei-me, nessa fase, do "acordo" assinado em Munique entre Chamberlain e Hitler, que de nada valeu, pois os ditadores, além de obstinados, são mentirosos. E o assassino alemão não honrou a assinatura.
Putin já tinha formatado no seu cérebro perturbado o que pretendia fazer. As negociações eram mero disfarce, uma forma de entreter os ocidentais . Se quisesse evitar a invasão e discutir até à exaustão um acordo com o presidente ucraniano, tinha-o feito. Mas o que Putin queria era isto mesmo que está a acontecer. Invadir a Ucrânia, de modo a que a NATO continue longe do seu "Império".
A iniciativa de António Guterres, no início do conflito ou agora, teria o mesmo desfecho. Porque Putin não quer negociar. Já roubou a Crimeia, o Donbass, a Transnístria ( à Moldávia). E quer toda a região que actualmente ocupa. Só falta Odessa. E fecha o mar à Ucrânia, abrindo um corredor rumo ao ocidente. Negociar o quê? Um fascista pára de cometer crimes quando é abatido, afastado do poder ou preso. Ou suicidando-se, claro.
Só o exército russo pode pôr termo à guerra, retirando Putin do poder, à força. O que é pouco provável.
Olhar para a foto acima demonstra o desvio mental do sujeito. Faz sentido receber o presidente da ONU, tal como recebeu Macron, com seis metros de distância, na célebre mesa do Kremlin? Só um paranóico, cobarde, com medo da própria sombra, como são todos os ditadores.
Para perceber Putin, é suficiente olhar a imagem. A distância entre o mundo ocidental, democrático e pacífico fica a uma distância extraordinária do fascismo e das forças bélicas e expansionistas. É exponencialmente proporcional ao tamanho da mesa.
Os políticos radicais, como Putin, não querem, nem sabem dialogar. Apenas oprimir. Obrigar. Mandar.
O diálogo é um privilégio das democracias.
( Créditos fotografia: EPA/Valdimir Astapkovich/Kremlin pool/ Sputnik )
Tanta gente merecia destaque e caiu no esquecimento!...
Recordemos a voz inconfundível do Adriano Correia de Oliveira que tão cedo nos deixou
"Fala do Homem Nascido"
Hoje é um dos dias mais importantes para o povo português. Concordando ou discordado, é uma data que não deixa ninguém indiferente.
Foi um dia feliz para mim. Por muitas e variadas razões, não importa . O que me surpreende é ler textos, cujos autores, referindo-se a Abril, perguntam, "festejar o quê?"
Se, quem escreve, pertencia à elite do Estado Novo ( políticos, juízes, polícias, guardas, pides, "bufos", empresários comprometidos, ideólogos do fascismo, etc.), entendo na perfeição. Aos que vivam nas ex-colónias, também percebo, se for o desabafo do trauma que qualquer pessoa sofre quando se vê no meio de uma guerra e tem de abandonar a sua casa.
Todos os outros, não compreendo. Preferirão as pessoas viver em ditadura? Com censura, presos políticos, polícia política, sem direitos sociais e liberdades básicas restringidas? Se não querem, parece. Mas, provavelmente, preferem.
Para mim, o simples facto de poder estar aqui a expor o que penso, já é motivo para festejar. Sim, porque em 24 de Abril, no Liceu, os estudantes progressistas ( onde me inseria) lutavam para que a Associação de Estudantes fosse eleita livremente por todos os aluno. E não nomeada pelo Reitor, para a manipular a seu bel-prazer. O que nos colocava debaixo de olho dos poderes opressores. Ser livre é motivo para festejar. Principalmente numa época em que a liberdade é posta em causa todos os dias por forças populistas de esquerda e direita.
A democracia tem custos e não é fácil preservá-la. É frágil e foi criando inimigos devido à quantidade de políticos que a usam em proveito próprio e que urge erradicar.
Mas, até hoje, não há melhor para quem sente a liberdade tão importante como o ar para respirar.
Viva o 25 de Abril!
( Crédito das fotos: Alfredo Cunha, um dos mais icónicos fotojornalistas que acompanharam essa madrugada determinante para o fim da ditadura)
É tema recorrente nos fóruns de adeptos portistas, a forma como a imprensa trata o FC Porto. São discussões com toda a oportunidade. Merecia abrir-se até a todos os cidadãos portugueses, adeptos do futebol, possuidores de bom senso, honestidade intelectual e atenção aos media quando falam do universo azul-e-branco. E em que circunstâncias o fazem.
Claro que as discussões não podem existir quando a cegueira clubista oblitera a capacidade crítica. Felizmente, há muita gente capacidada a fazê-lo. Mau seria se assim não fosse. As televisões, por exemplo, só têm uma preocupação: audiências. É a lei da vida, dirão. Sem "massa" não há circo! Porém, de quando em vez, ao contrário de ocuparem o serão de ataques pessoais, ódios, conversas vazias e inquéritos manipuladores, podiam promover algo mais sério, mais interessante, convidando pessoas com capacidade de análise, mas não os "pontas de lança" da propaganda dos clubes. Esses são nocivos ao ambiente nos estádios.
A minha opinião é que há um tratamento diferenciado na imprensa aos clubes lisboetas e portuenses. Provavelmente, a justificação será: os clubes de Lisboa "vendem" mais. Não me satisfaz a resposta. Até porque não pode ser só isso.
Se as televisões subalternizam o clube portista, os jornais não lhes ficam atrás. Basta verificar as capas e manchetes nos momentos mais importantes da vida dos dragões. Quem quiser, pode verificar. E não é de hoje. É de sempre. Podia expor aqui todas essas capas, fica para outra oportunidade.
Há alguns anos, havia na "Invicta" vários orgãos de comunicação social: Jornal de Notícias, O Primeiro de Janeiro, O Comércio do Porto, O Jogo, Gazeta dos Desportos. Nas rádios dedicadas à informação, Rádio Nova, Rádio Press . E quer a Antena 1 quer a Rádio Renascença, mesmo a TSF tinham programas desportivos produzidos no Porto. A RTP Porto também funcionava.
Hoje, resta O Jogo. E o Porto Canal, surgiu entretanto. Muito pouco para uma cidade que progride não só no desporto, mas a todos os níveis. Merecia mais, muito mais. Como toda a região norte.
Estas fuga da imprensa para a capital veio prejudicar ainda mais o tratamento editorial aos assuntos e notícias relativos ao FC Porto. Não há dívida que trata uns como filhos e a colectividade portista como enteada. Os motivos serão muitos, com certeza. Mas não deixa de haver deficiência de qualidade, competência, honestidade e imparcialidade básica em quem dirige e edita a informação nos media portugueses.
Um simples exemplo, na noite em que o FC Porto venceu o Sporting, apurando-se para a final da Taça de Portugal, as televisões, todas!, passaram o serão a discutir o "caso Slimani "e não a façanha dos portistas. Critérios editoriais muito parciais e, quase sempre, dúbios. Não havia necessidade de ser a imprensa estrangeira a dar mais relevo ao que se passa de positivo nos portistas do que a nacional. Até porque, está mais do que provado, mesmo com essa dualidade de critérios, os jogadores do FC Porto continuam a vencer. E o clube já é tão grande como os de Lisboa. Há muito tempo.
Créditos da fotos: a de cima, do FC Porto on Instagram; a de baixo, Fotos da Curva no Facebook.
LUÍS EDUARDO AUTE
Nasceu em Manila, nas Filipinas, em 1943 e faleceu em Madrid, em 2020, vítima de AVC. Tinha 76 anos.
Fez quase toda a sua carreira em Espanha e foi uma voz marcante no final do franquismo e durante a Transicção democrática.
Luis Eduardo, além de compositor e cantor foi, também, poeta, pintor e realizador de cinema.
Fica o tema " Sin Tu Latido", ao vivo. Uma gravação antiga de uma das suas (muitas) belas canções.
Fico sempre atónito quando ouço e vejo mulheres e homens jovens defenderem posições pouco compatíveis com a idade biológica e desfasadas dos tempos e das realidades. A líder parlamentar do PCP é um destes casos. Ao vê-la ler o discurso sobre a ausência dos deputados comunistas quando Zelensky intervier no Parlamento, ao vê-la, digo bem, fico com mais dúvidas do que certezas.
Não consigo acreditar que a deputada crê naquilo que refere. A sua imagem revela mal-estar, intranquilidade, pouca convicção. E o caso não é para menos.
Faz-me confusão uma mulher jovem, culta e esclarecida embarcar na propaganda estalinista que o PCP teima em não largar. Pelo menos, desde a invasão da Checoslováquia até hoje, a Rússia (quer sob a forma de URSS ou Federação Russa) é uma das principais potências a intervir negativamente em terra alheia.
Há nazis na Ucrânia? Haverá, com certeza . Como os há cá, na Hungria, na Polónia, no Brasil, na América e...na Rússia. Infelizmente, em todo o mundo. Não é com um ataque em massa contra pessoas e edifícios, reduzindo tudo a cinzas, que vai anular esses movimentos daninhos e anacrónicos.
O Esquadrão Azov é uma força paramilitar nociva? Acredito que seja. Como os esquadrões de mercenários tchechenos, Wagner ou outros a actuar na Ucrânia e apoiados pela Rússia. O problema do Azov é que defende a Ucrânia e isso Putin não perdoa. Está lá a Rússia preocupada com os 60 ucranianos que o Azov assassinou! Matar civis é lá coisa que incomode Putin! Nota-se!
Nas lideranças mais profundas do PCP, onde abunda gente mais velha, dos sindicatos, por exemplo, não surpreende a construção desta retórica reaccionária, profundamente sectária, ainda saudosa dos tempos áureos da União Soviética. Gente que acredita ter sido uma tragédia a queda do império. Desses não surpreende o discurso estalinista. Já nos habituou e nem ligamos. Mas de gente com pouco mais de 30 anos! Inimaginável! Fosse Jerónimo de Sousa a ler "aquilo" e encarava com toda a normalidade. Mas uma jovem?!
Esta invasão da Ucrânia fez com que a máscara democrática do PCP caísse. Afinal, não repudiar o expansionismo e imperialismo de uma nação capitalista, autocrática e fascista como é a Rússia de Putin, mostra com clareza o que seria de um país governado pelo PCP. Coitado do Povo!
Como é que um partido orgulhoso de um passado antifascista, foi realmente, não se sente incomodada por estar a promover a propaganda de um pais, cujo ministro da educação afirma (fonte: CNN inernacional) a criação de uma disciplina escolar denominada Educação Patriótica, de frequência obrigatória a partir dos 7 anos. Cujo objectivo fundamental é impedir o pensamento de que a Rússia alguma vez tratou mal as outras nações. No fundo, reescrever a História, tão ao gosto dos ditadores. São atitudes destas, mais uma de índole totalitária, que o PCP branqueia. Ai se fosse na América!
Os jovens progressistas só podem censurar países que se opõem à liberdade. Às liberdades políticas e sociais. E opor-se com veemência a qualquer tentativa expansionista. Invadir uma nação independente devia ser de imadiato condenado por qualquer pessoa progressista. Principalmente, os jovens, que, na sua maioria, já não se reveem nas ideologias de outro tempo.
O PCP faz exactamente o contrário. Ataca e condena tudo o que vem da União Europeia ou dos Estados Unidos. Mesmo num momento trágico para o povo ucraniano, não vacila na pose estalinista. Mas teme criticar os fascista da Rússia, da Coreia do Norte, da Venezuela, ou da China. Pactua com o golpe chinês e russo para dominar as sociedades com uma ditadura férrrea. O trajecto já foi iniciado por Putin.
Não acredito que a deputada Paula Santos acredite no discurso que lhe entregaram. Não é possível uma mulher jovem tomar aquela posição.
Tal como não acredito que a maioria dos jovens do PCP, maioria, não todos, embarque nas patranhas de Putin e que o partido tão afanosamente difunde.
Só para esclarecer, não sou anticomunista primário. Sou democrata, defendo o pluripartidarismo. Sou progressista. E tenho a esperança de que os jovens sejam capazes de mudar, para melhor, a sociedade, já que a minha geração fez um trabalho censurável. E, por isso, lamento profundamente que a deputada Paula Santos, sendo jovem, leia um discurso de velha utópica ocidental do tempo da Cortina de Ferro.
Percorrendo as redes sociais, desde logo um privilégio das sociedades democráticas, encontro mais do que gostaria, vitupérios ao "25 de Abril". Um dos mais comuns : " "Não festejo o 25 de Abril!". Sendo um direito que assiste a qualquer pessoa, num país livre, festejar o que bem entender, percebe-se o acinte da frase. Provocar a "esquerdalha" , designação pejorativa, usada pelas gentes de direita, quando referem a de esquerda. Até há alguns meses, essa insistência não me aquecia nem arrefecia. Agora, preocupa-me. E não é o facto de não festejarem. É o local onde vão pôr a cruzinha no dia das eleições.
O "25 de Abril" tem dois aspectos essenciais; por ignorância ou má fé, são "esquecidos" pelos "não festejadores" : podermos dizer e escrever o que pensamos, nem que seja contra o "status quo" e vermos o fim da Guerra Colonial, para onde mandavam os jovens portugueses. Matar e morrer. Só isto chegava para o "25 de Abril" ser uma das datas mais importantes da História de Portugal.
O dia de que falo, é isso mesmo, o dia e o seu significado global, nada tem a ver com "PREC", comunistas, fascistas, ELP, MDLP, nada. Fechou um ciclo. Uma ditadura já a cair de podre, com polícia política infiltrada em tudo o que mexesse, livros proibidos, canções proibidas, censura aos jornais e aos espectáculos, presos políticos, mulheres impedidas de votar, de viajar sozinhas, eleições falseadas. A par, verdadeira fome, nomeadamente nos arrabaldes das grandes cidades e parcos apoios para quem deles necessitasse.E eram muitos. A já referida guerra afectava sobretudo os filhos de gente com menos recursos, sem "cunhas" para evitar esse martírio.
Que para os jovens tudo isto seja música celestial, entende-se. Para quem ainda passou pela ditadura, enfim, transcende a minha compreensão. E o pior é quando a ignorância tolda as mentes. E todos sabemos que Salazar morreu pobre! Evitou que entrássemos na 2ª Guerra Mundial. Mandou construir pontes, estradas, mercados, feiras. Claro que sim. Como qualquer estadista. Todos esses elogios ao ditador, palavra que, na época, não era ofensiva, pois Ditadura Nacional era assumida com orgulho, embora na Europa já houvesse poucas, são comprovados pela História. E ninguém os nega. Ninguém com esclarecimento pode negar.
O problema da ignorância é outro. Dar como verdadeiro o que a imprensa da época publicava ou não publicava. Além dos dramas socias que eram escondidos, tudo o que pudesse beliscar a imagem de um regime que se queria mostrar perfeito era enclausurado numa arca e a chave atirada ao mar. Será a pedofilia um mal de hoje? E a pederastia? E as violações? E os assédios? E o enriquecimento ilícito dos mais poderosos? Os suicídios? A violência doméstica? A discriminação racial e sexual? Os assaltos? Os furtos? A exploração por parte de grandes empresas? Os impostos? Era perfeita a colocação de professores? Eram respeitadas as carreiras? Os salários eram magníficos? Os bailes da gravatinha, onde os governantes se divertiam com "virgens" , foram inventados?
O Estado Novo fechava a sociedade a tudo. Até ao resto do mundo. Nada era divulgado para dar ideia de paz, progresso, bem estar, ordem. Era , sim, uma farsa bem urdida pelos governantes e polícia. Quem tiver assim muitas dúvidas, dirija-se à Torre do Tombo e aos arquivos distritais, onde encontra documentos diversos mostrando quão podre era o poderoso Estado Novo.
E dirão os críticos, mas hoje, funciona tudo bem? Não, respondo eu. Funciona mal. Mas a culpa não é do dia "25 de Abril", nem dos revolucionários do "período quente" e que viviam no mundo utópico das ideologias comunistas. Desses já há tão poucos! Mesmo nos dois partidos onde ainda podem encontrar-se, já são uma raridade. A culpa é dos "filhos" e "netos" destes, que, vivendo sempre em liberdade, aproveitaram as fragilidades da democracia para darem cabo disto tudo e encherem-se de privilégios. O liberalismo económico e o capitalismo amancebaram-se para controlar. E se houve um 25 de Novembro, ainda bem que houve!, foi graças à abertura política do 25 de Abril. Só tivemos políticos como Sá Carneiro ou Mário Soares e militares como Ramalho Eanes, porque o 25 de Abril os trouxe. O 25 de Novembro não é mais do que o fim lógico do desvario revolucionário. Porque nenhum país conseguiria subsistir com greves todos os dias, ocupações, perseguições, bombas, desordem, medos vários. Até naqueles em que o comunismo ficou a governar, acabou com a desordem instaurando a "democrática" ditadura do proletariado. Mas os verdadeiros democratas portugueses não quiseram isso. Não deixaram. Lutaram contra. E para os defensores acérrimos de uma sociedade social e livre, do dia 25 de Abril passou-se para o dia 25 de Novembro. O resto foi barulho. E algum lixo. Lamentavelmente, com algumas mortes.
Eu acredito na democracia. Em grande parte dos que hoje se auto-intitulam democratas, não! Porque estes, mais conservadores ou mais progressistas, têm gerido mal o país. Aliás, criticam-se mutuamente, mas quando a roda eleitoral vira, não alteram o que antes açoitaram tão asperamente. Mas isto nada tem a ver com "abris ou maios". Tem a ver com homens e mulheres oportunistas, nas diferentes áreas, sem escrúpulos que, propositadamente, mantém uma Justiça injusta e amorfa, com vistas míopes.
Por fim, o 25 de Abril trouxe-nos a liberdade de dizer o que está mal, sem irmos presos. Libertou-nos do sufoco absurdo de uma ditadura. Não me identifico com os festejos engravatados e pomposos, entre elites e discursos de circunstância. Não! Até esses esqueceram muito depressa que o "25 de Abril" não se fez para ser lembrado assim. É uma efeméride popular, deve festejar-se na rua, entre iguais.
" Em cada esquina um amigo, em cada rosto igualdade..." . Viva a democracia! Viva a Liberdade! Viva o 25 de Abril!
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.